Teófilo foi um dos mais ilustres bispos da Igreja do Oriente em fins do século II. Tornou-se célebre pelo seu cuidado em defender a tradição. Governava a Igreja em Cesareia da Palestina há já algum tempo quando se renovaram as discussões em torno da celebração da Páscoa, surgidas quarenta anos antes, quando ainda viviam são Policarpo e o papa santo Aniceto.
Um dos principais pontos a que se dirigia o zelo de Policarpo era segregar os católicos dos hereges para que permanecesse pura a fé dos primeiros. Eusébio de Cesareia conta que são Policarpo foi a Roma, no pontificado de Aniceto, não só para dissipar os erros dos hereges, com a sua autoridade de contemporâneo dos apóstolos, mas também para determinar com o papa a data em que se deveria celebrar a Páscoa: se no primeiro domingo depois da lua cheia de março, como se fazia desde os tempos apostólicos, ou no mesmo dia da lua cheia de março, como se fazia em algumas Igrejas da Ásia. O papa Aniceto, embora desejasse a uniformidade em toda a Igreja, julgou oportuno não desgostar os bispos da Ásia e tolerou a celebração no dito plenilúnio, para não desagradar também aos judeus que, nesse dia, imolavam o cordeiro pascal. As outras Igrejas da cristandade não tinham o costume de observar essa data; seguiam o uso ainda hoje em vigor e celebravam a Páscoa cristã ou a Ressurreição de Jesus no domingo seguinte ao décimo quarto dia da lua do equinócio da primavera.
O papa são Vítor I, africano, que sucedeu a santo Eleutério em 193, quis estabelecer a uniformidade e desenvolveu todos os esforços para levar os asiáticos à mesma prática dos outros orientais e de todo o Ocidente. São Teófilo foi um dos prelados que o ajudou com todas as forças; com Narciso de Jerusalém, presidiu uma assembleia de bispos da Palestina e compôs uma carta sinodal para combater aqueles que celebravam a Páscoa no mesmo dia dos judeus. Nesta carta, estabelece, entre outras verdades, que o costume de celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo no domingo era uma tradição apostólica. Vale a pena lermos o que escrevia no final dessa importante carta:
“Tende cuidado de enviar exemplares de nossa carta a cada cristandade, a fim de que não sejamos responsáveis pela perda das almas dos que facilmente se desviam. Nós vos declaramos que os de Alexandria celebram também a Páscoa no mesmo dia que nós. Receberam, com efeito, nossas cartas e nos responderam; daí resulta que celebramos o santo dia em conformidade com eles”.
É pouco o que sabemos ainda sobre ele. Terminadas todas essas tarefas, Teófilo se dedicou com grande afinco ao cuidado de suas ovelhas, com tal zelo e tanto amor que era considerado mais como pai carinhoso do que como pastor. Depois de marcar seu pontificado com multidão de benefícios e de haver dado grandes exemplos de virtude e piedade, entregou a alma a Deus. Se não sofreu o martírio, foi porque a ocasião lhe faltou.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.