Nos últimos tempos o nome de Regina foi muito apreciado, talvez só por soar bem. Mas poderia ser também pela realidade régia que ele exprime. Ou por causa de Nossa Senhora, que é chamada Rainha dos Mártires, das Virgens, dos Confessores etc.? Mas, será que alguém já pensou nas santas que tiveram esse nome? Pensou em dar por patrona a sua filha uma das santas chamadas Regina?
Encontramos sobretudo duas. Ambas na França, em épocas diversas.
Uma tem sua memória a 1º de julho. Viveu no século VIII, e descendia de ilustre família do Hainaut. Desposou o conde Adalberto d’Ostrevant e teve uma filha chamada Renfrida ou Reginfreda, que veio a ser abadessa do novo mosteiro de Denain e que, após sua morte, foi venerada como santa, festejada a 8 de outubro. O mosteiro de Denain fora fundado por Regina, ao ficar viúva, ainda jovem. Naquele mesmo mosteiro situado perto de Valenciennes, a própria condessa viúva tomou o véu de beneditina, santificando-se na oração e no trabalho.
Quando a filha se tornou abadessa, Regina se submeteu de boa vontade à obediência para com aquela que gerara na carne e que agora se tornava sua mãe espiritual.
A outra Regina, cuja memória é celebrada no dia 7 de setembro, é objeto de culto muito antigo. O manuscrito de Berna do Martirológio jeronimiano assim se exprime: “No território da cidade eduana, em Alísia, morte de santa Regina, mártir”. Isso supõe um culto em Alísia, antes de 628. O duplo testamento de Widerade, fundador da abadia beneditina de Flavigny, perto de Alísia (Costa do Ouro), mostra que por volta de 750 a Santa tinha uma basílica em sua honra, em Alísia, onde se achavam suas relíquias. Segundo as leituras litúrgicas do século IX, publicadas por um maurino, Dom Viole, em 1653, o corpo de Regina ficara algum tempo no lugar do martírio, fora de Alísia. Levado depois para a cidade, foi colocado num sarcófago de pedra, sobre o qual se edificou uma basílica, que se tornou lugar de peregrinação. Um mosteiro foi construído perto. Também uma igreja paroquial.
As relíquias de santa Regina deram margem a muitas discussões. Acreditava-se estar seu corpo em Osnabruck; em 1648, por ocasião das negociações do tratado de Vestfália, o duque de Longueville conseguiu uma relíquia para Alísia. Mas Flavigny protestou. Em 1649, um médico constatou que o osso do braço (rádio) trazido de Osnabruck já se achava em Flavigny. Em 1693 o bispo de Autum impôs silêncio aos dois partidos, autorizando um e outro a expor suas relíquias. Em 1652, publicou-se um próprio de Osnabruck, no qual se substituiu em toda parte a Regina de Alísia por uma Regina companheira de santa Úrsula, substituição inteiramente arbitrária. O Martirológio Romano diz, no dia 7 de setembro: “Em Alísia, no território de Autum, santa Regina, virgem e mártir, que, sob o procônsul Olíbrio, sofreu os suplícios do cárcere e outros. Por fim, foi degolada e voou para junto do esposo”.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.