É difícil distinguir a verdadeira santa Prisca, uma vez que os documentos antigos se referem a três pessoas diferentes. A celebração hodierna quer honrar a fundadora da igreja sobre o Aventino, à qual se refere a epígrafe do século V, conservada na basílica de são Paulo fora dos muros. Essa antiga igreja, preciosa para quem gosta de mexer com antiguidades romanas, surge sobre os alicerces de uma grande casa romana do século II, como provaram as recentes descobertas arqueológicas.
Mas as Atas de santa Prisca dão como certo o seu martírio sob Cláudio II (268-270) e sua sepultura na via Ostiense. De lá seu corpo foi trasladado para o Aventino. Não passa de lenda que ela tenha sido batizada por são Pedro aos treze anos, tenha trabalhado ao lado dele e sofrido o martírio como a primeira no Ocidente. O corpo da protomártir estaria nas catacumbas de Priscila, as mais antigas de Roma.
No século VIII começaram a identificar a mártir romana com Prisca, mulher de Áquila, de que fala são Paulo: “Saudai Prisca e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus; pela minha vida eles expuseram suas cabeças. A eles agradeço, não só eu, mas também todas as igrejas dos gentios” (Rm 16,3). Começou-se a falar em título de Áquila e Prisca. O título cardinalício com o qual queriam honrar uma santa, hoje quase esquecida pelos calendários, bem mostra a devoção que tinham para com ela os primeiros cristãos. A igreja de santa Prisca surgiu no lugar de antiga casa romana. Segundo a tradição o apóstolo são Pedro hospedou-se nessa casa. Conserva-se na igreja de santa Prisca, na cripta, uma concha com a qual o Príncipe dos apóstolos teria batizado seus catecúmenos. Aqui misturam-se história e lendas.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.