Marta é a irmã de Maria e de Lázaro de Betânia, povoado a cerca de três quilômetros de Jerusalém. Em sua casa hospitaleira, Jesus gostava de descansar durante a pregação na Judeia. Por ocasião de uma destas visitas aparece pela primeira vez Marta. O Evangelho no-la apresenta como a dona de casa, solícita e atarefada em acolher dignamente o agradável hóspede, enquanto a irmã Maria prefere ficar quieta escutando as palavras do Mestre. Não nos admira, portanto, a reclamação que Marta faz contra Maria: “Senhor, a ti não importa que minha irmã me deixe sozinha a fazer o serviço? Diz-lhe, pois que me ajude”.
A amável resposta de Jesus pode parecer repreensão à atitude da agitada dona de casa: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas; no entanto uma só coisa é necessária. Maria, com efeito, escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”. Mas isso não é repreensão, comenta santo Agostinho: “Marta, tu não escolheste mal; Maria, porém, escolheu melhor que tu”. Não obstante isso, Maria, considerada modelo evangélico das almas contemplativas já por são Basílio e são Gregório Magno, parece não figurar no calendário litúrgico (22 de julho): a santidade desta doce figura de mulher está fora de discussão, pois isso foi confirmado pelas palavras de Cristo. Mas somente Marta, nem Maria e nem Lázaro, aparece no calendário litúrgico universal, como para recompensar suas solicitudes e atenções para com a pessoa do Salvador e como a propô-la para as mulheres cristãs como modelo de operosidade.
A humildade e incompreendida profissão de doméstica é nobilitada por esta santa trabalhadeira de nome Marta, que significa simplesmente senhora. Marta reaparece no Evangelho no dramático episódio da ressurreição de Lázaro, onde implicitamente pede o milagre com simples e estupenda profissão de fé na onipotência do Salvador, na ressurreição dos mortos e na divindade de Cristo, e durante banquete do qual participa o próprio Lázaro, há pouco ressuscitado, e também desta vez se nos apresenta em funções de dona de casa atarefada. A lição do Mestre não se referia à sua louvável operosidade, mas ao exagero de preocupações com as coisas materiais em detrimento da vida espiritual. A respeito do tempo poste-rior da vida da santa nada sabemos de historicamente aceitável, mas existem muitos contos lendários. Os primeiros que dedicaram à santa Marta uma celebração litúrgica foram os franciscanos em 1262, a 29 de julho, isto é, oito dias após a da festa de santa Maria Madalena, impropriamente identificada com sua irmã Maria.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.