O caráter mariano desta solenidade, que os antigos livros da liturgia romana celebravam como solenidade do Senhor, é enfocado pelo Ofício e pela Missa hodierna. Esta festa remonta ao século VI. É tão antiga como a devoção a Nossa Senhora. Os primeiros cristãos lembravam as palavras do arcanjo Gabriel e da prima Isabel.
O conteúdo da anunciação diz respeito ao Messias e à sua Mãe. Quem nascerá dela é o Filho de Deus. Por isso será chamada Mãe de Deus.
O anjo usa a linguagem dos profetas do Antigo Testamento em suas profecias messiânicas, iniciando com convite à alegria e garantindo a ajuda de Deus à Virgem escolhida para a mais alta missão. Maria é objeto das complacências divinas: o Senhor está com ela, encontrou graça aos olhos do Altíssimo, será virgem e Mãe de Deus. A própria Maria reconhece nas palavras do anjo os termos proféticos que prenunciam a revelação do Messias. Comparando a profundidade religiosa do total abandono de Maria à vontade de Deus com aquilo que tem de sobrenatural com o anúncio feito, podemos afirmar que no momento da sua resposta definitiva do fiat (faça-se), nela estava já presente de modo real o que se tornaria pouco a pouco manifesto, no decorrer de sua vida, graças ao contato com o seu divino Filho. “No momento da anunciação, Maria é a mais alta expressão da expectativa de Deus e do Messias no Antigo Testamento; é síntese e o ponto culminante da expectativa messiânica dos hebreus. É assim que a vê Lucas no Magnificat; é assim que a vê a patrística, que a revive a teologia contemporânea. Por causa da graça do seu nascimento sem mancha e de sua consagração virginal a Deus, Maria recebeu graças e luzes excepcionais. Graças a tudo isso indicou na sua pessoa a abertura fundamental à expectativa de Iahweh-Salvador” (Schillebeeck).
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.