As cinzas que recebemos hoje deveriam despertar, em cada um de nós, a consciência de que procedemos da mesma origem e terminaremos do mesmo modo (“és pó e ao pó hás de voltar”, Gn 3,19). As cinzas fazem com que nos compreendamos como uma única família humana e têm o condão de quebrar toda pretensão de poder, todo orgulho, arrogância e intolerância que nos separam uns dos outros.
O Evangelho deste início de Quaresma nos apresenta a nova proposta de Jesus a respeito das “boas obras” ou “obras de piedade”: esmola, oração e jejum.
A esmola vem em primeiro lugar. Portanto, o primeiro compromisso do cristão é com o próximo. Esmola não é apenas dar algumas moedinhas aos que perambulam nas ruas de nossas cidades, para aliviar nossa consciência. Em grego, a palavra “esmola” tem a mesma origem de “misericórdia” e “compaixão”. Nesse sentido, quando vemos um pobre sofrendo, deveríamos sentir a mesma dor que ele está sentindo e “colocar as mãos no bolso” para socorrer suas necessidades.
A oração estabelece nossa relação com Deus. Jesus nos pede uma oração despojada de pretensões e de muito palavrório, sem alarde nem hipocrisia. Uma oração que corresponda à nossa vivência cotidiana e passe pela esmola, nosso compromisso com o próximo.
O jejum nos confronta diretamente, convidando-nos a renunciar a algo que consideramos importante, a abrir a mente para novos horizontes, nos quais descobrimos pessoas despojadas de tudo, em jejum permanente. O jejum é um exercício de educação dos próprios instintos e paixões que também passa pela esmola: jejuo para proporcionar algo ao que sobrevive com quase nada.
Jesus dá novo sentido a essas antigas práticas. O Mestre propõe que não sejam fingidas, mas autênticas, como nos lembra o lema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
Pe. Nilo Luza, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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