O VERDADEIRO CULTO
O Evangelho de hoje está inserido no contexto do “livro dos sinais” (Jo 1,19-12,50) e na sequência do encontro de Jesus com Nicodemos (Jo 3). Se o encontro com Nicodemos sinaliza a novidade cristã no âmbito do judaísmo, a passagem pela Samaria (Jo 4,4) indica que o dom de Deus também se oferece aos samaritanos. Havia uma rivalidade histórica entre judeus e samaritanos. Em Jesus Cristo, as diferenças são rompidas.
Notemos que o escritor sagrado não nomeia a mulher, apenas diz que é uma samaritana. João se utiliza desse artifício literário para pôr em pauta a infidelidade religiosa dos samaritanos. Os cinco “maridos” não se referem à infidelidade no sentido conjugal, mas correspondem aos cinco deuses introduzidos na Samaria depois da conquista assíria em 721 a.C. E o atual “marido” da mulher também não é verdadeiro. Adorar falsos deuses é se ausentar da verdadeira fé.
Inicialmente a mulher vê Jesus apenas como um profeta adivinho. Ela encontra nele a possibilidade de esclarecimento sobre uma controvérsia secular entre judeus e samaritanos: o lugar autêntico e a legitimidade do culto. A pergunta da mulher, porém, está presa ao passado. O diálogo com Jesus a fará olhar para o futuro.
Para além das intrigas históricas entre judeus e samaritanos, a intenção do autor é apresentar Jesus como a verdadeira novidade e o sentido pleno do culto. Cabe à comunidade (anos 90 d.C.) superar as dúvidas acerca da divindade de Jesus. E cabe aos cristãos de hoje evitar os fechamentos. Com efeito, não somos os únicos detentores das promessas. No culto cristão, há lugar para todos; exige-se apenas a disposição para a vivência do amor e da fidelidade. “Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8,14).
Não é função da comunidade ser “alfândega” do céu. Assim como a samaritana, somos todos convidados a nos encontrarmos com Jesus, sendo ouvintes e comunicadores de sua Palavra.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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