A “LEPRA” QUE MARGINALIZA
O Evangelho relata o caso do homem com doença de pele que se aproxima de Jesus para buscar a cura. Ele reconhece que Jesus tem poder para isso. Sabendo que não podia se aproximar dos outros, o doente, movido por sua coragem, foi ao encontro daquele que “podia curá-lo”.
O Mestre, cheio de compaixão, transgride as normas legais – que eram impiedosas com o sofrimento dos marginalizados – e toca naquele legalmente tido como intocável. Ter compaixão é sinônimo de “ter o coração nas mãos” e pôr as mãos a serviço daquilo que está no coração.
Ao tocar o doente, o Mestre torna-se impuro, para tornar o outro puro. Com tal atitude, Jesus já não podia entrar nas cidades, mas o povo ia ao seu encontro, sem se preocupar com a questão legalista.
A enfermidade em questão era tida como contagiosa, o que obrigava toda pessoa com doença de pele a ficar à margem, sem poder conviver com a sociedade nem, muito menos, ser tocada pelos outros. Era alguém condenado pela sociedade e pela própria religião. Muitas vezes até uma leve alergia de pele era identificada como “lepra”.
A atitude de Jesus de se aproximar revela o rosto do Deus misericordioso, que não tolera a exclusão de ninguém, principalmente quando motivada por justificativas banais.
Infelizmente continuamos a nos defrontar com o fantasma da “lepra”, disfarçada de outras doenças, de desemprego, de pobreza, de abandono… São todos fatores de exclusão que desrespeitam a dignidade de milhões de seres humanos em todo o mundo. Essas multidões de pessoas discriminadas e marginalizadas necessitam da coragem do doente do Evangelho e contam com a solidariedade dos que abraçam sua causa.
Nas comunidades cristãs, também pode haver algum tipo de “lepra” que impede a participação. São, por exemplo, normas religiosas que rotulam e selecionam as pessoas, abandonando-as à própria sorte. Diante disso, somos chamados a nos deixarmos envolver pela compaixão do Mestre com os rejeitados e nos preocuparmos mais com o ser humano do que com barreiras discriminadoras.
O Evangelho, ao mostrar-nos a proximidade de Jesus com os doentes, acentua o valor da atuação dos ministros que se dispõem a visitar os enfermos em nossas comunidades, solidarizando-se com eles.
Pe. Nilo Luza, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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