Nicodemos era um líder judeu, fariseu e membro do sinédrio. Havia procurado Jesus à noite, pois não tinha coragem de assumir publicamente que reconhecia Jesus como Mestre que vinha da parte de Deus. Jesus lhe diz que é preciso nascer do alto, nascer de novo, deixando de lado as trevas para seguir a luz, para agir segundo a verdade num mundo cheio de falsidade e descompromisso.
Como no deserto os hebreus olhavam a serpente levantada e ficavam curados, Jesus diz que será levantado na cruz, não para simplesmente restituir a saúde, mas para dar a todos uma perspectiva nova, de eternidade.
O amor infinito do Pai pela humanidade se manifesta na entrega que ele fez do próprio Filho, entrega incondicional. E, ao assumir plenamente a condição humana (menos o pecado), o Filho foi vítima da maldade humana, daqueles que preferiram as trevas à luz. Mas no plano do Pai não estava e nunca estará a condenação da humanidade, apesar do que fizeram ao seu Filho. No plano divino está a salvação, a vida que ganha sentido, a que, sofrendo as dores, celebra as alegrias já aqui, rumo à eternidade de Deus.
A partir de Jesus, o Filho encarnado que se doa na cruz e ressuscita, tem início não uma condenação, mas um julgamento. Um julgamento em que cada pessoa é responsável pelas próprias escolhas, entre as trevas do egoísmo e da maldade e a luz das ações realizadas segundo o projeto que o próprio Filho revelou, de doação gratuita de si mesmo aos outros.
Acreditar no Filho do Homem levantado na cruz é o caminho para a vida eterna. Pois a Verdade de Deus é o próprio Filho, que doa a vida fielmente. Acreditar em Jesus, em outras palavras, significa assumir na própria vida seu modo de pensar e agir. Como Nicodemos, nosso seguimento de Jesus corre o risco de ficar apenas na boa intenção e na simpatia, escondido na escuridão da covardia. A covardia que impede de assumir uma vida diferente da que o mundo chama banalmente de felicidade. Corremos o risco de negligenciar o autêntico sentido de nossa vida, procurando ainda hoje serpentes levantadas como solução imediata. O Mestre continua a nos dizer que é preciso nascer de novo, nascer do alto, da doação da vida que o próprio Deus fez por todos nós.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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