CRIADOS PARA A VIVÊNCIA FRATERNA
Continuam as provocações contra Jesus por parte de seus adversários. No texto de hoje, os que o importunam são os fariseus, grupo formado por homens dedicados ao estudo da Lei, a Torá de Moisés (Pentateuco). Eles eram muito detalhistas quanto às leis mosaicas e às tradições dos antepassados.
Como conhecedores da Lei, os fariseus provocam Jesus a respeito do matrimônio: o marido pode divorciar-se de sua esposa? Percebe-se nessa pergunta certa malícia e uma mentalidade machista, na qual transparece que o homem seria dono da mulher e teria domínio sobre ela. Jesus não entra no debate legal, mas questiona as justificativas deles e apresenta a vontade divina acerca do assunto. Afirma que a determinação de Moisés é devida à dureza de coração.
De fato, num coração de pedra é muito difícil penetrar algo de bom, acolhedor e solidário. Quem tem coração duro simplesmente não consegue compreender os pensamentos e desejos de Deus.
Detalhe interessante deste evangelho: a ênfase em que o homem é que deixará seu pai e sua mãe e se unirá à mulher, e não o contrário. É o homem que tem de se desfazer de sua família patriarcal e entrar na dinâmica da família da mulher, a fim de que haja “uma só carne”, formando como que “novo ser”. Deus une, inclui, e Jesus contesta a mentalidade patriarcal que introduz divisão, separação, exclusão.
Além do questionamento sobre o matrimônio, percebemos nesse debate uma realidade muito enraizada naquele tempo: o privilégio do homem sobre a mulher e a falta de igualdade de direitos e deveres entre eles. A mulher sofria dupla discriminação: como filha, enquanto dependente do pai, e como esposa, dependente do marido. Lição disso: toda opção na vida deveria ter em vista o serviço ao Reino e não a busca do poder, de privilégios e de domínio sobre os outros.
Assim como deu conselho sobre o relacionamento entre homem e mulher, Jesus ensina que também o relacionamento com as crianças e os pequenos deve ser de ternura, compreensão e acolhimento.
Pe. Nilo Luza, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
Assinar