Felizes os puros de coração!
Entre aqueles que são chamados de bem-aventurados estão os puros de coração. Nos textos bíblicos, geralmente o coração representa a interioridade do ser humano, onde têm origem os pensamentos que podem se transformar em palavras e depois em ações. Se fizéssemos uma comparação com um rio, o coração seria a fonte de onde sai toda a água. Assim, se a fonte estiver limpa, á água sai limpa, mesmo correndo o risco de contaminar-se no seu curso. Porém, se a fonte está poluída, a água já sai suja de sua origem – independentemente do que possa ocorrer ao longo do percurso.
O coração puro é aquele que não é manchado por pensamentos e maquinações que causam mal a ele e ao próximo. Quem não tem o coração puro vive procurando alguma maneira de explorar a outra pessoa, como se ela não tivesse dignidade e se reduzisse a um objeto cuja tarefa seria satisfazer necessidades. Isso inclui pensamentos luxuriosos, mas não se reduz a isso. O que infecta nosso ser são as ideias e projetos que vamos cultivando sem levar em conta o bem dos outros. Alguém que quer ter conforto e prazer a qualquer custo, até mesmo explorando ou enganando o outro, tem o coração infectado.
Para ter uma vida pura, é preciso purificar os pensamentos, vigiar a si mesmo, examinar a consciência. Nisto, porém, é preciso tomar cuidado, pois pode acontecer que, na busca por um coração puro, passemos a maior parte do tempo julgando os outros ou mesmo deixando de ir ao encontro das pessoas, com medo de nos “contaminarmos”. Um dos piores tipos de impureza é o nojo, o desprezo por outras pessoas. Por isso, a verdadeira pureza de coração não pode ser adquirida sem a misericórdia, sem a pobreza de espírito, que significa entrega total a Deus.
Também é muito importante reconhecer que a pureza de coração é busca de uma vida inteira e requer perseverança. Por isso, não podemos nos desesperar por não viver a pureza que idealizamos e não podemos deixar de buscá-la. Não nos desesperemos nem nos acomodemos. Demos um passo por vez, na confiança de que é o Senhor quem nos purifica por inteiro.
Pe. Claudiano Avelino dos Santos, ssp
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A sexta obra de misericórdia espiritual: suportar com paciência as fraquezas do próximo. A tradição sapiencial sublinha com insistência que, perante irmãos que irritam o sábio, a “paciência vale mais que a valentia e dominar-se a si mesmo vale mais do que conquistar uma cidade” (Pr 16,32). Diz ainda o autor sagrado: “Com paciência se dobra um magistrado e a língua macia pode quebrar ossos” (Pr 25,15).
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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