ZAQUEU E SEU NOVO PROJETO DE VIDA
Zaqueu tinha vontade de ver Jesus. A fim de tornar realidade esse intento, escolheu um expediente estranho para nós: subir numa árvore. Coisa de moleque curioso. Zaqueu, contudo, não era nenhum garoto pobre de Jericó. Era o chefe dos cobradores de impostos. E muito rico. Isso não significa que era feliz. Penso até que ele foi impelido a ver o Mestre de Nazaré, principalmente por causa de uma inquietação interior. Embora fosse cheio de bens materiais, vivia atormentado por um vazio, uma angústia existencial, uma fome de eternidade. Foi isso que o impulsionou a querer despojar-se de uma carga insuportável.
Movia-se Jesus para Jerusalém, onde – em consequência do anúncio feito – entregaria sua vida pela humanidade. E, no seu trajeto, ia distribuindo o amor libertador e devolvendo a paz de espírito a quem encontrava. Seguia para o sacrifício, preenchendo todas as circunstâncias com a missão que o Pai celeste lhe confiara. Foi assim que Jesus parou diante de Zaqueu, a fim de o socorrer em suas angustiosas dúvidas e aliviá-lo de sua bagagem opressora: “Hoje eu devo ficar na tua casa”.
As murmurações, os comentários desfavoráveis – “ele foi hospedar-se na casa de um pecador” –, nada disso abalou o Mestre; eram reações insignificantes diante da grandiosa obra que Deus realizava no inquieto cobrador de impostos. Aquele dia foi certamente um marco inesquecível na vida de Zaqueu e dos demais que testemunharam o fato – e como a Palavra de Deus, viva e eficaz, segue convertendo corações em todo tempo e lugar. É possível que a proposta de Jesus tenha surpreendido Zaqueu. Mas este ficou, na verdade, contente. Haveria de fazer bela figura – afinal, não lhe faltavam condições para oferecer farto banquete ao ilustre hóspede e seus discípulos. Não suspeitava que o divino Mestre, por sua vez, o recompensaria com um banquete espiritual e perene: “Hoje entrou a salvação nesta casa”.
O papa Francisco nos ajuda a refletir sobre a mudança que aconteceu na vida desse homem: “Zaqueu descobre de Jesus que é possível amar gratuitamente: era mesquinho, agora se torna generoso; gostava de acumular, agora se alegra em distribuir. Ao encontrar o Amor, descobrindo que é amado apesar dos seus pecados, torna-se capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão”.
Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
Assinar