IGREJA FUNDADA NO TESTEMUNHO DE PEDRO E PAULO
Olhar para a vida dos santos Pedro e Paulo nos ajuda a compreender que, apesar de nossa fraqueza, a comunidade dos seguidores de Cristo é o lugar da misericórdia e do perdão. Isso quer dizer que nós, que seguimos a Jesus, não somos comunidade de perfeitos e puros, mas de pessoas reconciliadas e sempre a caminho da conversão.
A imagem que aparece nesta solenidade é a de uma Igreja do amor. “Pedro, tu me amas?” – Jesus pergunta a Pedro três vezes, no Evangelho da vigília (Jo 21,15-19). É interessante observar os verbos que o evangelista usa, ao descrever o diálogo de Jesus com Pedro. Nas duas primeiras perguntas, na língua grega original, é o verbo agapéo, significando amor de contemplação, a forma mais elevada de amor, a mais gratuita, a mais purificada. Contudo, Pedro responde usando o verbo filéo, que significa amor de carinho, amizade.
Há, portanto, uma distância entre o Amor ao qual Deus quer nos conduzir (agapéo) e aquele em que estamos mais comumente situados (filéo). Deus nos quer exercendo uma forma mais elevada de amor, a mais gratuita, mas nos situamos no nível de um amor de carinho, de simples “querer bem”. É-nos feito, portanto, um chamado a progredir, a crescer no amor de Deus – ou seja, a passar de um amor movido a benefícios e vantagens que possamos ter ao amor a Deus pelo que Ele é em si mesmo. É missão da Igreja fazer-nos crescer nesse amor, também por meio da celebração da Palavra.
Finalmente, temos, na segunda leitura da celebração do dia (2Tm 4,6-8.17-18), a imagem de uma Igreja missionária: “Lutei bem, resisti até o fim da corrida, permaneci fiel”, dirá o autor da carta, exprimindo o final de uma vida toda gasta em missão, a serviço do anúncio do Ressuscitado aos povos pagãos. Da mesma forma, a missão da comunidade baseia-se no amor de Deus pelo seu povo e está a serviço desse amor. Este momento em que a Igreja, em seu percurso sinodal, rumo à sua segunda sessão conclusiva, nos incentiva a redescobrir nossa condição de batizados é propício para refletirmos sobre a missão da Igreja e a nossa, impulsionando-nos a ser, cada vez mais, missionários que caminham juntos na participação e na missão.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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