27 de novembro: 1º Domingo do Advento | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
27 de novembro: 1º Domingo do Advento

A HORA DE ACORDAR

A vida no interior, apesar do barulho das nações, de todas as nações espalhadas por este mundão, ainda segue com certa dose de calmaria. Mas houve um tempo em que tudo era mais calmo. As rodas de conversas, nas calçadas e nos alpendres, eram constantes. As pessoas se encontravam e eram mais vistas do que as telas de TVs, do que os tablets, do que os celulares. Nas noites sem lua, admiravam-se estrelas. A gente sabia onde estava o Cruzeiro do Sul, as três-marias, a estrela-d’alva.

Na calmaria do interior, aprendiam-se, com o canto dos galos, os mistérios da noite. Galo que cantasse fora de hora, ou não teria comido milho durante o dia, ou estaria agourando. Bom sinal não era. Havia tempo para jogar conversa fora. A cozinha cedinho exalava cheiro bom de café. Café feito no fogão a lenha. As portas das casas se abriam cedo e, antes de o sol nascer, ouviam-se conversas da vizinhança, cantoria no rádio, vacas mugindo, cabras berrando, criança acordando.

Não se trata de saudosismo, como se tudo no passado fosse melhor. Não, o passado também tinha trevas. A questão aqui tem que ver com a recuperação dos valores que aos poucos podem se perder pelo modismo imposto, como se tudo que fosse novo fosse a melhor maravilha do mundo. É preciso retomar o bom de antigamente.

Nesse sentido, o tempo do Advento é o momento de vigiar. Significa que, apesar das noites escuras, haverá um amanhecer, no qual o sol dissipará toda a escuridão. O sol é Jesus Cristo, nosso Salvador. Ele, gerado no seio da Virgem Maria, torna-se igual a nós em tudo, menos no pecado. Vem para morar conosco. Participar de nossas dores, de nossas preocupações. Mas, sobretudo, trazer-nos esperança, conforto, alegria e força.

A referência às coisas do interior é um convite para percebermos a importância da simplicidade. Não é apenas uma crítica ao progresso dos grandes centros urbanos. Exprimir e viver as coisas do interior, do tempo de outrora, é não permitir que nosso coração se endureça, mas seja sensível. Amar as pessoas mais que as máquinas. Amar a natureza mais que as novas tecnologias. Amar as formigas mais que os aviões e os carros velozes. E, desse modo, nosso coração esteja aberto para receber, acolher as coisas do alto.

Jesus vem do alto. Ele desce das alturas para se igualar a nós. Para comunicar a alegria de sermos de Deus. Para nos dar a certeza de que o Criador jamais desiste de sua criação.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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