JULGADOS PELOS ÚLTIMOS
Nesta solenidade de Cristo Rei, temos como referência o texto de Mt 25,31-46, em que Jesus surpreende: os últimos são o critério de salvação. O que fazemos ou deixamos de fazer aos últimos da sociedade é que aponta se seremos contados ou não entre os benditos do Reino de Deus.
No texto bíblico, a bênção de Deus está ligada às ações de solidariedade e de promoção da vida neste mundo. Quem pratica as obras de misericórdia se aproxima do Reino de Deus; quem não as pratica se afasta do Reino (v. 41b). Nosso modo de viver no mundo, nosso modo de tratar os últimos da sociedade é que dizem se somos ou não abençoados.
A opção pelos pobres não é facultativa, mas, antes, imposição evangélica para o seguimento de Jesus. Não há discipulado verdadeiro desconexo com o serviço preferencial aos pobres, pois foi o próprio Jesus quem os colocou nessa condição de predileção: na encarnação (Lc 2,70), no início de seu ministério público (Lc 4,18), como pré-requisito para segui-lo (Mt 19,21) e como a medida com base na qual todos e todas serão julgados (Mt 25,31-46).
No final, seremos julgados pelos últimos, pelos pobres e sofredores. O que fizermos ou deixarmos de fazer a favor deles é que marcará nosso destino na eternidade. As ações religiosas, as práticas devocionais, as celebrações e adorações não salvam por si mesmas; existem para nos aproximar de Deus, para nos ajudar a praticar o que Jesus praticou. Portanto, alargando a reflexão, os ritos religiosos, se estiverem desprovidos de compromisso com a defesa da vida humana e do planeta, esvaziam-se e não nos aproximam de Deus.
Há 32 anos a Igreja no Brasil celebra o Dia Nacional dos Cristãos Leigos e Leigas no último domingo do ciclo litúrgico anual, unindo antiga tradição, que recordava o batismo como fonte da missão, com a celebração de Cristo Rei, pondo-nos diante da realidade do Reino que Jesus veio inaugurar, em contraponto aos poderes do mundo. Essa dimensão do poder-serviço se atualiza num chamado insistente a todos os cristãos leigos e leigas que, pelo batismo, são enviados a prolongar a missão de Jesus entre seus irmãos e irmãs, na defesa da vida plena.
Sônia Gomes de Oliveira
Presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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