O REENCONTRO COM O SENHOR
O ocorrido com os dois discípulos a caminho da aldeia de Emaús nos ensina muito sobre nossa vida e caminhada de discípulos e discípulas. A viagem deles não consistia num deslocamento para uma missão, muito pelo contrário: frustrados em sua esperança, fugiam para longe da cidade e também para longe daqueles que haviam sido seus amigos e companheiros ao lado de Jesus. Os dois discípulos não se afastavam somente no plano espacial, mas também no plano das convicções. Ambos estavam cheios de dúvidas e perguntas.
Antes de ser uma narrativa de revelação, o relato de Emaús configura-se como a história de uma fraternidade e uma amizade quebradas. Junto ao Senhor, os dois discípulos são levados para uma história que vai além deles: a história da salvação, na qual Deus faz uma aliança e acompanha seu povo para conduzi-lo a uma vida nova. O texto remete, portanto, ao tempo do êxodo, quando o Senhor caminhava com Israel (Ex 33,16; 34,9). Também em nossas esperanças, dúvidas e falta de fé diante das realidades da vida, o Senhor sempre se junta a nós!
Na cruz, Jesus deu atenção ao ladrão arrependido; no texto de hoje, novamente ele se abaixa, para se juntar a dois caminhantes em debandada. Ele sempre privilegia os pequeninos, os frágeis, os descartados, aos quais quer se juntar para transformar-lhes a vida. Assim, faz do mistério pascal uma boa notícia de unidade entre todos, começando pelos mais frágeis e fracos. Se tudo parecia terminado para os dois fugitivos, o Senhor proporciona-lhes a possibilidade de recomeçar, abrindo o coração deles à sua Palavra, que tem, como um dos seus frutos, a hospitalidade.
Entre o pedido dos discípulos e a resposta de Jesus, há uma nuance leve, mas significativa. No original grego, os discípulos pedem a Jesus que habite entre eles (meta: “entre”), e Jesus responde-lhes, entrando para habitar com eles (syn: “unido a”), isto é, unido a eles (v. 29). Os discípulos convidaram Jesus para estar ao lado deles, na casa deles, mas o Senhor entra para se juntar a eles. Tal resposta insiste na profunda solidariedade existente entre o Ressuscitado e seus discípulos. À hospitalidade, o Senhor responde com fraternidade. Abramos, pois, em nossa existência, maior espaço para tais práticas, convictos de que, por meio delas, acolhemos o próprio Jesus ressuscitado!
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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