ONDE ESTÁ O TEU TESOURO?
A recomendação de orar por todos aqueles que ocupam altos cargos nos leva a pensar em nossos dirigentes políticos. Podemos ler o pedido da segunda leitura à luz desta sentença do Evangelho: “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes” (v. 10a) e assim lançar-lhes no rosto essa advertência, sobretudo neste tempo em que nosso país caminha para as eleições. De fato, em geral, não é sem motivo que culpamos nossos governantes e representantes eleitos – responsáveis por gerenciar grandes projetos e a vida dos cidadãos – de má administração ou de irregularidades mais graves.
Costuma-se dizer que a função dessas autoridades é bem administrar o bem comum. Trata-se de grande verdade, e acerca disso Jesus faz ecoar no Evangelho que “quem é injusto nas pequenas coisas também é injusto nas grandes” (v. 10b). Portanto, é compreensível que sejamos exigentes com o desempenho das responsabilidades confiadas aos que nos governam. Entretanto – ainda que com as devidas proporções –, é preciso ampliar nossa visão e aplicar esse requisito também a nós: e quanto a mim, como me comporto? Sou realmente confiável e justo nas pequenas coisas?
Sabemos que a corrupção passa sobretudo pelo dinheiro, e contra seu mau uso é que Jesus nos alerta. Por ser tão sedutor e tentador, o dinheiro não raro leva à desonestidade, à injustiça com os outros, como lemos nas fraudes denunciadas por Amós na primeira leitura. Em relação a essas atitudes, a resposta de Deus é terrível: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram” (Am 8,7). O engano do dinheiro consiste em deixar de ser um meio para tornar-se senhor da pessoa. O cerne da questão, diz Jesus, é que não podemos ter dois senhores (v. 13).
Aqui sobressai a pergunta que implica uma escolha clara a ser feita pelos cristãos: A quem amo? A Jesus ou ao dinheiro? Com efeito, é em suas aspirações, em suas simpatias, que o propósito de vida de cada pessoa é revelado. A mensagem de Jesus continua clara. Ele nos ensina que é necessário pôr os bens que possuímos a serviço de relações de fraternidade, porque são os amigos – isto é, as relações autênticas, fraternas e justas – que nos conduzem ao Reino.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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