A QUEM SERVIMOS: A DEUS OU AO DINHEIRO?
A parábola do evangelho de hoje nos deixa perplexos e incomodados, principalmente quando Jesus elogia o administrador desonesto. Porém fique claro que Jesus não elogia a desonestidade do administrador, e sim sua esperteza e criatividade ao tentar salvar a própria pele.
Na Palestina no tempo de Jesus, poucos ricos concentravam grandes propriedades de terra. Eles não trabalhavam nelas, mas contratavam administradores que cuidassem da produção. Portanto, os donos das terras enriqueciam à custa da exploração do trabalho alheio, ou seja, tinham escravos que faziam render seus negócios. Periodicamente, os administradores prestavam contas aos donos, entregando-lhes o lucro.
O objetivo do lucro é a riqueza, que Lucas chama de “mamona”, ou seja, dinheiro ou riqueza injusta. Haverá riqueza justa? O evangelista fala em “dinheiro injusto”; ao que parece, para significar que não há “dinheiro limpo”. Para Jesus, o dinheiro traz a marca da injustiça, pois é instrumento de acúmulo e opressão.
No tempo de Jesus e ainda hoje, é muito comum pensar que a riqueza, o êxito econômico, seja sinal de bênção de Deus. Pensar assim seria dar um tapa na cara dos pobres, que não teriam a bênção de Deus e seriam, portanto, uns desgraçados.
A função do dinheiro, do capital ou da riqueza é construir fraternidade – “o dinheiro injusto para fazer amigos”, diz o evangelho. Em outras palavras, os bens, dom de Deus e fruto do trabalho humano, existem para serem partilhados, favorecendo a vida de todos, principalmente dos mais necessitados. Os bens deveriam construir relacionamentos verdadeiros, sinais do reino.
O evangelho conclui: não podeis servir a Deus e ao dinheiro. São dois “bens” que não se misturam nem se compatibilizam. Por isso, precisamos fazer uma escolha: ou o Senhor Deus ou o senhor dinheiro. Quem vive subjugado pela riqueza, pensando só em acumular, não consegue servir a Deus – que quer uma vida justa e digna para todos. É impossível proclamar a fidelidade a Deus e prestar culto à riqueza.
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A quarta obra de misericórdia corporal: vestir os nus. Grande exemplo dessa obra de misericórdia nos vem de são Martinho de Tours: rasgou o próprio manto para dar a metade a um pobre. A Bíblia propõe uma atitude de compaixão diante da nudez, ao aconselhar repartir as roupas com quem está nu (Tobias 4,16) e ao louvar a quem veste aquele que está sem roupa (Ezequiel 18,16).
Pe. Nilo Luza, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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