O JEITO DE JESUS INTERPRETAR A LEI
O texto do evangelho de hoje é a continuação do Sermão da Montanha. A Lei foi dada a Israel para ensinar-lhe o caminho da justiça. Jesus nunca pretendeu aboli-la, como muitos pensavam. Ele, novo legislador, não deseja anular a Escritura (Leis e Profetas), e sim ensinar como reinterpretá-la, propondo o pleno cumprimento dessas normas. Seu intento é nos libertar do legalismo doentio que não nos torna santos diante de Deus nem nos garante o acesso ao Reino. Além disso, destacam-se outros três aspectos importantes.
Compromisso com a vida. O mandamento “não matar” vai além do derramamento de sangue, pois exprime compromisso radical com a vida, recomendando atitude de respeito à dignidade de todos. Toda discriminação é uma forma de violência. Toda palavra ofensiva é uma forma de diminuir o ser humano. O culto que agrada a Deus exige a vivência da reconciliação; sem ela, a oferenda se torna inútil.
Compromisso com a fidelidade. O adultério se inicia antes do ato em si, começa com o olhar. O Mestre propõe cortar o mal pela raiz (arrancar o olho e cortar a mão). Ele condena não apenas o adultério, mas também pensamentos e desejos perversos, que levam a praticar injustiças e maldades. A justiça do Reino exige profundo respeito no trato com as pessoas, principalmente com as mais fragilizadas.
Compromisso com a palavra. Aqui Jesus se dirige principalmente aos homens – os que podiam decretar o divórcio. O cristão esforça-se para superar os conflitos, evitando apontar defeitos no cônjuge para justificar a separação. Quando se tem compromisso com a palavra dada, não há necessidade de juramento. Os juramentos não combinam com relações humanas baseadas na confiança. A palavra do cristão
deveria ser sempre digna de crédito, e os problemas contornados mediante o diálogo e o perdão.
Por meio desses exemplos, percebemos o jeito novo de Jesus ver e interpretar as leis, sem querer aboli-las.
Pe. Nilo Luza, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
Assinar