12 de outubro: Nossa Senhora Aparecida | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
12 de outubro: Nossa Senhora Aparecida

OS OLHOS DE APARECIDA

Aparecida tem os olhos redondinhos e profundos, da cor de mel. Não há quem não se encante ao contemplá-los. Embora haja rea­lidades em sua vida que sejam fel, o olhar de Aparecida revela o céu. Tão simples e tão intensos, são olhos que, mesmo estando tristes, dizem de uma alegria sem fim, de uma esperança que nunca cansa. Um olhar assim sem repreensão, sem possessão, paz pura. Um olhar livre.

Há quem fale mal de Aparecida. Só porque ela tem essa mania de olhar. Maldade só de quem fala, porque nos olhos de Aparecida maldade não há. Ela vê o que ninguém quer ver. Dia destes, passando pela rua, Aparecida viu um jovem na sarjeta. Ele estava sentado, com a cabeça entre os joelhos. Fazia sol e a rua não tinha sombra. Uma multidão. Todos passavam e, se viam o jovem, disfarçavam a vista. Aparecida, com sua santa curiosidade, resolveu aproximar-se. Nem teve medo de perigo. Tem gente que vê perigo em tudo. Aparecida não. Ela sabe que há perigo, mas ainda acredita na bondade humana.

O jovem precisava de ajuda. Ele havia se embriagado. Envolvera-se com os colegas de copo. Estes foram embora e o deixaram sozinho, sem força para ir até o metrô e seguir para casa. Aparecida não perdeu tempo: fixou o olhar no jovem. Viu sonhos, saúde, coragem, inocência. Viu rebeldia, vontade de vida, carência. Aparecida ouviu. Fez poucas perguntas. Quis saber o nome. Vítor. Nome forte. Tem que ver com vitorioso.

Aparecida segurou na mão de Vítor. Ajudou-o a se levantar e caminhou com ele até o metrô. No caminho, Vítor voltou a sorrir.

Aparecida é do tipo que puxa assunto. Noutro dia pegou o ônibus, sentou ao lado de uma senhora e começou a conversar com um suave e despretensioso bom-dia. Num breve percurso, Aparecida ouviu histórias que dariam um volumoso livro. As olheiras profundas de dona Ana eram resultado de sofrimentos de muitos dias de lutas e de noites inteiras acordada. Tem um esposo prostrado e um filho especial. Tudo depende dela. Apesar da cruz que carrega, Ana só sabe agradecer a Deus.

Aparecida fala pouco de si. Poucos sabem que seu nome é Maria das Dores. Mas, para além da dor, o olhar de Aparecida só expressa amor. Aparecida olha a vida é com vontade. Vontade de viver a vida, de enxergar o profundo que vale a pena e seguir em frente.

* * *

A primeira obra de misericórdia espiritual: dar bom conselho. Essa obra de misericórdia diz respeito principalmente a quem tem o compromisso do ensinamento – pais, professores, dirigentes e outros –, mas o bom conselho deveria estar na boca de todos. Segundo o livro do Eclesiástico: “O conselho do sábio é como fonte de vida” (21,13), e o autor do livro de Daniel diz: “Os que ensinam a justiça brilharão pa­ra sempre como estrelas” (12,3).

Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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