Linguagem corporal nas celebrações litúrgicas | Paulus Editora

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Liturgia Passo a Passo

11/04/2019

Linguagem corporal nas celebrações litúrgicas

Por Luiz Miguel

O corpo é importante veículo pelo qual manifestamos nossos pensamentos e sentimentos. Mesmo quando estamos em silêncio, nossa atitude indica recolhimento, reflexão, diálogo íntimo com Deus. Não existe, pois, celebração litúrgica sem expressão corporal. Por isso, em vista de melhor compreender os mistérios que se celebram, convém conhecer o significado dos vários gestos, posturas e movimentos utilizados nas celebrações litúrgicas:

  1. Estar em pé: é a posição do Cristo ressuscitado. Indica prontidão, respeito, resposta. É a posição própria para ouvir a proclamação do Evangelho, e proferir as várias orações, como a coleta, o creio, as preces da comunidade etc.

  2. Estar sentado: expressa disposição para ouvir (a primeira leitura, o salmo responsorial, a segunda leituras, a homilia) e meditar a Palavra de Deus. É também a atitude de quem, no silêncio, dialoga com Jesus, após receber a comunhão.

  3. Ajoelhar-se: indica humildade e reconhecimentos dos próprios pecados diante de Deus. Expressa também profunda adoração à Santíssima Trindade. Para a bênção do Santíssimo, as pessoas se ajoelham.

  4. Prostrar-se: é estender-se de bruços no chão. É atitude de extrema humildade e abandono nas mãos de Deus. A prostração está prevista para a celebração da Sexta-feira Santa; para a ordenação de bispos, presbíteros e diáconos, e nas consagrações religiosas durante o canto das ladainhas.

  5. Fazer genuflexão: é o movimento de dobrar e desdobrar o joelho. Diante da presença de Jesus no sacrário, as pessoas costumam fazer genuflexão como ato de adoração.

  6. Inclinar-se: trata-se de leve projeção da cabeça ou do tronco para frente. É também sinal de veneração diante do que é sagrado e merece respeito: altar, lecionário, pessoas. Ao incensar, o turiferário faz inclinação antes e depois da incensação.

Outros gestos usados nas celebrações litúrgicas são: fazer o sinal da cruz, erguer as mãos, bater no peito, caminhar em procissão…

O livro intitulado Animação da Vida Litúrgica no Brasil (CNBB) prevê o uso da dança litúrgica: “Nosso corpo, sensível e dócil ao movimento, é fonte inesgotável de expressão. Por isso, na liturgia, têm importância os gestos, as posturas, as caminhadas, a dança”, e assinala expressamente a dança litúrgica na procissão de entrada (cf. nº 83 e nº 241). Nesse caso, cuide-se para que a dança seja de fato litúrgica, isto é, leve os fiéis a entrar em comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs.

Ainda dentro do universo da linguagem corporal nas ações litúrgicas, cabe uma breve menção ao silêncio. Previsto em alguns momentos de diversas celebrações, o silêncio favorece o recolhimento, a meditação, o diálogo íntimo com Deus. O silêncio, bem posicionado, concorre para o ritmo ideal e a harmonia da celebração. Os momentos de silêncio são indicados pelas rubricas dos rituais litúrgicos.

Com isso, estamos conscientes de que os gestos usados nas celebrações são simbólicos e estão impregnados de significados. Por isso, aos que exercem alguma função litúrgica recomenda-se não multiplicar posturas ou movimentos estranhos à liturgia. Certas criatividades durante a ação litúrgica chegam a ser prejudiciais: em vez de facilitar a concentração, provocam distrações; em vez de beneficiar o respeito sagrado, banalizam os mistérios divinos.

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