Vivemos novos tempos. Grandes mudanças acontecem de maneira surpreendente. Questões outrora fundamentais, valores essenciais ficaram em segundo plano ou se tornaram obsoletos. Todas essas mudanças mexem com o ser humano. Não ficamos indiferentes. As grandes questões sobre o sentido da vida permanecem? Vale neste novo tempo pensar sobre o sentido de ser? Qual o papel e a presença da religiosidade na vida do ser humano? O que tem a ver educação com religião? É possível educar na fé? É papel da escola?
Os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, certamente contemplam de maneira muito clara e objetiva o verdadeiro sentido de uma instituição educacional, seja ela confessional ou não. Questões relacionadas à religião e religiosidade sempre são muito discutidas. Devem ou não devem fazer parte dos programas educacionais?
A grande maioria das escolas de educação básica, de linha confessional, católicas ou protestantes, mantém em sua matriz curricular aulas de Ensino Religioso ou Introdução à Teologia. Até certo tempo atrás, confundia-se com aulas de catequese, doutrinação, evangelização ou uma oportunidade para formação de valores. Atualmente, graças à formação dos profissionais, pesquisa e muita reflexão, a educação religiosa nos colégios é compreendida como um espaço privilegiado para o conhecimento das religiões e tudo o que elas contemplam. Ter um espaço para estudo, pesquisa e debate sobre as questões religiosas nas escolas é acreditar que, ao conhecer um pouco sobre o complexo universo religioso, cada educando estará mais preparado para conviver com a diversidade de um modo geral.
Importante ter claro que se trata de área de conhecimento. Portanto, nada de proselitismo, mas de oportunidade para conhecer. Conhecimento não pode estar relacionado à crença. Não é imposição. Nesse sentido, cada instituição educacional deve ter o compromisso de oferecer sempre mais informações sobre o assunto, evitando posicionamento direcionado ou destacando esta ou aquela denominação religiosa. Quanto mais conhecimento, mais percepção e consciência terá o educando sobre o sentido de estar e ser no mundo.
A religiosidade é um valor inerente ao ser humano. É no berço familiar que cada ser humano pode ou não receber as orientações para a formação da sua religiosidade. No seu desenvolvimento e amadurecimento fará as suas escolhas, que caminho seguir. E opções não faltam. Cada vez mais surgem novos movimentos religiosos e outras inúmeras doutrinas com suas filosofias de vida. E aqui entra o papel da escola como espaço e oportunidade para que seus educandos se apropriem de tal conhecimento.
A escola é espaço para o desenvolvimento do conhecimento, inclusive o religioso. Também ela poderá oferecer outras experiências que vão além da sala de aula, onde seus educandos possam realizar experiências e contatos com instituições religiosas que testemunham modos diferentes de viver o sagrado.
Há um velho ditado que diz: “Religião, política e futebol não se discute”. Com conhecimento e maturidade é possível sim, desenvolvermos discussões saudáveis e prazerosas sobre qualquer assunto. O conhecimento religioso é uma oportunidade para superarmos divergências, praticarmos a tolerância e valorizarmos a diversidade. Afinal, somos diferentes, mas iguais. Somos seres inacabados. Buscamos a cada dia novas respostas para as perguntas que naturalmente vão surgindo. Falar sobre religião é uma forma de educar e formar para a vida. Ter uma fé religiosa é ter fé na vida.
Muito bem Rogério, gostei muito do seu novo artigo! Também acredito que ao fomentar o conhecimento sobre a diversidade religiosa estaremos possibilitando as nossas crianças, a conhecerem mais a respeito do assunto, tornando-as mais tolerantes com a diversidade de pensamentos e assim, possibilitar a todos uma convivência mais fraterna! Obrigada pela excelente reflexão!