Dia do Refugiado e Semana do Migrante | Paulus Editora

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Igreja e Sociedade

16/06/2023

Dia do Refugiado e Semana do Migrante

Por Érika Augusto

“Esperança longe de casa: Por um mundo inclusivo com as pessoas refugiadas” é o tema apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia Mundial do Refugiado, comemorado em 20 de junho. Estabelecida pela Assembleia Geral da ONU em 2000, a data busca conscientizar sobre a situação dos refugiados, pessoas que são forçadas a deixar seus países de origem devido a conflitos, perseguições ou violações dos direitos humanos. 

O tema proposto neste ano busca reforçar a ideia de que é preciso encontrar formas de integrar as pessoas refugiadas em seu novo país, proporcionando oportunidades de moradia, trabalho e renda. Além disso, é necessário sensibilizar a sociedade para a importância de acolher as pessoas em sua integridade, independente de onde elas vem e em quais condições. 

De acordo com o relatório anual da Agência ONU para Refugiados (ACNUR), em 2022 o número de pessoas deslocadas chegou a 108,4 milhões, com aumento de 19,1 milhões em relação ao período anterior. Segundo a entidade, este é o maior aumento já registrado pelo relatório, dado acentuado sobretudo pela guerra na Ucrânia. Em todo o mundo, a cada 74 pessoas, uma foi forçada a se deslocar.

No Brasil, conforme dados do relatório Refúgio em Números, produzido pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), ao final de 2021, o país possuía 60.011 pessoas refugiadas reconhecidas legalmente pelo Brasil e, somente em 2021, mais de 29 mil imigrantes solicitaram refúgio no país. Segundo números do relatório, 78% destes pedidos vem de venezuelanos, seguido por 6% de angolanos e 2% de haitianos. Entre estas pessoas, 50,4% têm entre 5 e 14 anos de idade.

O refúgio é hoje uma realidade presente em nossa sociedade e que precisa ser colocada em pauta. É também necessário falar a respeito desta temática com crianças e adolescentes, pois trata-se de um cenário vivido intensamente nas escolas. Para isso, a PAULUS Editora indica a obra “O quintal de Aladim”, escrita por Andréa Avelar e ilustrada por Simone Matias.

A publicação infantil conta a história do pequeno Amin, de 11 anos, e sua família, que chega ao Brasil de navio, fugindo da guerra na Síria. De forma sensível, o livro traduz aos pequenos leitores os sentimentos experimentados pelo personagem Amin: tristeza, saudade, medo, insegurança, expectativa. Valores como amizade, respeito e aceitação social são trabalhados na narrativa. 

Para Andréa Avelar, a literatura pode ser uma excelente ferramenta para introduzir este e outros temas complexos no cotidiano das crianças. “A história do Aladim é uma metáfora do que acontece na vida dos refugiados. Eles são muito mais do que as coisas ruins que aconteceram em suas vidas. Quando tiramos estes rótulos, as pessoas se reconectam. O livro mostra que essa convivência pode ser rica e cheia de afeto”, afirma a autora.

Ouça também o PAULUSCast com Andréa Avelar e Pe. Paolo Parisi, coordenador da Missão Paz, em São Paulo (SP).


“Para o migrante, a pátria é terra que lhe dá o pão” (São João Batista Scalabrini)

Vale recordar que no Brasil, entre 18 e 25 de junho é comemorada a Semana do Migrante. Organizada pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SMP) e pela Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a 38ª Semana do Migrante tem como tema “Migração e Soberania Alimentar”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2023.

Conhecido como o apóstolo e santo dos migrantes, São João Batista Scalabrini nasceu em Fino Mornasco, província de Como (Itália) em 8 de julho de 1839. De família católica, foi ordenado sacerdote em 1863 e foi nomeado bispo de Piacenza. Profundamente tocado pelo drama dos italianos que deixavam as regiões rurais à procura de melhores condições de vida nas grandes cidades, fundou em 1887 a Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos) e, em 1895, o ramo feminino da Ordem. As congregações fundadas pelo religioso dedicam-se ao cuidado pastoral, social e espiritual de migrantes em diferentes partes do mundo.

O bispo de Piacenza foi canonizado em outubro de 2022, é uma das referências da Igreja Católica na atenção aos migrantes. Durante a cerimônia de canonização, o papa Francisco afirmou: “Ainda hoje, as migrações constituem um desafio muito relevante. Elas põem em evidência a urgente necessidade de antepor a fraternidade à rejeição, a solidariedade à indiferença. […] Exorto-vos, missionárias e missionários scalabrinianos, a deixar-vos sempre inspirar pelo vosso santo fundador, pai dos migrantes, de todos os migrantes”. 

Para saber mais sobre a vida, os escritos e o legado de Scalabrini, a PAULUS Editora publica a obra “O santo dos migrantes – João Batista Scalabrini”, organizada por Graziano Battistella.

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