A Palavra de Deus na celebração Eucarística | Paulus Editora

Colunistas

Liturgia Passo a Passo

02/11/2018

A Palavra de Deus na celebração Eucarística

Por Luiz Miguel

Desde os primórdios do cristianismo, a Palavra de Deus ocupa importante lugar na celebração eucarística (missa). Santo Agostinho afirmava: “Bebe-se o Cristo do cálice das Escrituras como do cálice da eucaristia”. Em 1962, o Concílio Vaticano II promulgou uma constituição conciliar, cujo nome é Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. Aí se pede ampla reforma no campo da liturgia. E, para valorizar a palavra de Deus na celebração eucarística, o documento citado apresenta algumas motivações:

“Cristo está sempre presente na sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas. (…) Está presente na sua palavra, pois é ele quem fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura” (n. 7).

“Para se poder ver claramente que na Liturgia o rito e a palavra estão intimamente unidos, seja mais abundante, variada e bem adaptada a leitura da Sagrada Escritura nas celebrações litúrgicas” (n. 35).

“Estão tão intimamente ligadas entre si as duas partes de que se compõe, de algum modo, a missa –  a liturgia da Palavra e a liturgia eucarística – que formam um só ato de culto” (n. 56).

É enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é a ela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espírito e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação as ações e os sinais” (n. 24).

E reforça esse apelo, insinuando já algum aspecto prático:

“Prepare-se para os fiéis, com maior abundância, a mesa da Palavra de Deus: abram-se mais largamente os tesouros da Bíblia, de modo que, dentro de um período de tempo estabelecido, sejam lidas ao povo as partes mais importantes da Sagrada Escritura” (n. 51).

Com base nessas indicações, a Igreja criou os ciclos A, B e C, justamente para aumentar a quantidade de textos bíblicos e aproximá-los dos fiéis.

Toda missa dominical apresenta três leituras, mais o salmo responsorial: a primeira leitura, do Antigo Testamento, exceto no tempo pascal, em que se leem passagens dos Atos dos Apóstolos; a segunda, das Cartas dos apóstolos ou do Apocalipse; a terceira, do Evangelho.

Ao ANO A correspondem as leituras de São Mateus; ao ANO B, as leituras de São Marcos, mais o capítulo 6º de São João; ao ANO C, as leituras de São Lucas. O Evangelho de São João é geralmente proclamado nos tempos especiais (advento, quaresma, tempo pascal) e nas grandes festas. As solenidades de Natal, Epifania, Páscoa, São João Batista… não obedecem a este critério.

As leituras para as missas semanais estão classificadas por ANO ÍMPAR e ANO PAR. Isso é válido para a primeira leitura e o salmo responsorial, pois as leituras do evangelho são as mesmas para todos os anos.

Uma palavra sobre o Lecionário. É o livro litúrgico que contém as leituras bíblicas para as celebrações. Estão assim classificados:

Lecionário Dominical: contém as leituras e o salmo responsorial para os domingos.

Lecionário Semanal: contém as leituras e o salmo responsorial para os dias de semana.

Lecionário Santoral: contém as leituras e o salmo responsorial para as festas e solenidades dos santos. Nesse mesmo livro litúrgico estão incluídas também as leituras que se usam na administração dos sacramentos e para diversas circunstâncias.

Lecionário Pontifical: traz as leituras para as celebrações reservadas ao bispo, como ordenações, crismas, instituição de leitores e acólitos etc.

A mesa da Palavra é abundante e tem valor incalculável. Cabe aos líderes da Igreja zelar para que a palavra de Deus seja proclamada com clareza, unção e total respeito. Então, os leitores se preparem previamente, e os aparelhos de som estejam devidamente regulados. Que todos se deixem envolver pelo poder transformador da palavra de Deus.

nenhum comentário