CRISTO É A FACE DA MISERICÓRDIA DO PAI
O 2º domingo da Páscoa é denominado domingo da Divina Misericórdia por instituição de São João Paulo II, que se inspirou na espiritualidade de Santa Maria Faustina Kovalska. Neste ano, esta celebração insere-se no coração do Jubileu da Esperança, em que a Igreja nos lembra que os cristãos têm a missão de ser, por excelência, os portadores da esperança. É, portanto, momento privilegiado para viver intensamente o significado profundo da misericórdia de Deus, que não perde a esperança em nós.
O Evangelho observa, por três vezes (v. 20.25.27), dois detalhes do corpo de Cristo: suas mãos e seu lado. “Olha as minhas mãos; estende a tua mão e coloca-a no meu lado”, disse o Ressuscitado a Tomé. As mãos que se abriram ao mundo, para abraçá-lo com um único gesto, e o lado que se abriu à humanidade, para derramar as graças do sacrifício da cruz, devem ser vistos e até tocados pelos discípulos. Assim nos é revelada a misericórdia de Deus: encontramo-la nos sinais de amor presentes em Jesus.
A palavra “misericórdia” vem de um termo latino que significa um coração sensível à desgraça, à miséria. Existe, contudo, um fenômeno curioso na linguagem bíblica, seja no hebraico, em que essa palavra aparece no plural, seja para o grego, em que a palavra tem relação com o útero da mulher que gera a vida. A misericórdia de Deus é, então, a ternura que une quem gera e quem é gerado. É ternura que dá vida. Deus misericordioso ama-nos, pois, com amor materno, que nada pede em troca, mas nos gera continuamente; amor que nos dá vida e, portanto, não quer nos ver morrer. “Não é a morte do homem que eu desejo, mas que ele se converta e viva” (Ez 33,11).
A conversão, tornada possível pela misericórdia divina, é, de fato, um movimento de vida, enquanto o pecado é um movimento de morte. Deus nos chama à vida, seu amor nos faz viver. Por conseguinte, a fonte da misericórdia é Deus, e seu Filho é a manifestação desse amor, ou melhor, da natureza profunda de Deus, que é “Amor” (1Jo 4,8).
Jesus, que contou as parábolas da misericórdia (Lc 15), comove-se profundamente com a multidão de pessoas cansadas e exaustas, perdidas e sem guia, feridas no corpo e no espírito, e vem encontrá-las com compaixão e ternura. O seu é “um amor visceral” (papa Francisco). É amor que chega ao dom da vida. Dessa fonte flui o rio da misericórdia, que percorre a história da Igreja. Todos somos chamados a ter misericórdia para com nosso próximo, porque Deus nos deu misericórdia; nas nossas comunidades, “todos devem encontrar um oásis de misericórdia” (papa Francisco).
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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