16 de fevereiro – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
16 de fevereiro – 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM

CHAMADOS À ESCOLHA

A passagem do Evangelho deste domingo radicaliza a oposição construída na primeira leitura. Também a altera: já não se trata, de fato, de uma questão de escolhas religiosas ou éticas que conduzem ou à bênção e à felicidade, ou à maldição e à perda. São pessoas concretas, até mesmo discípulos de Jesus, que vivem situações contrastantes. De um lado estão os pobres, os famintos, os aflitos, mas também os que são odiados, excluídos, insultados e desprezados; de outro, os ricos, os fartos, os risonhos, aqueles de quem todos falam bem, como falavam dos falsos profetas.

Em suma: quando surgir a plenitude do Reino, cada pessoa passará pelo crivo das bem-aventuranças, que desvelará a verdade da vida de cada um e as opções feitas ao longo da existência. A clareza desse discurso deve-se ao horizonte “escatológico”. Isso significa que Jesus projeta seus ouvintes aos últimos tempos (eschaton), quando Deus estabelecerá seu Reinado e determinará o destino de cada um. Essa é uma forma de revelar o que subsistirá quando todo o resto desaparecer; de dizer o que é essencial aos olhos de Deus.

Então, o que as pessoas a quem Jesus chama de “felizes” têm em comum? A todas faltam bens, pão, alegria, respeito à sua dignidade. É a elas que Jesus, paradoxalmente, faz o anúncio de felicidade. Com efeito, são felizes porque o Reino lhes pertence; porque têm a força de Deus a seu lado; porque ele não é indiferente à sua situação nem deseja que elas se recolham ao conformismo; porque sua condição não é a que Deus quer para seus filhos e filhas e, portanto, constitui uma denúncia contra uma ordem social contrária ao seu Reino; enfim, são felizes porque são um “sacramento” (sinal) da verdade evangélica segundo a qual a autêntica felicidade é muito maior do que a alegria fugaz fundada na conquista e na posse de bens, sobretudo quando frutos da injustiça.

Como, em contrapartida, aos ricos nada lhes falta – muito pelo contrário –, que lugar poderiam dar em sua vida aos que são uma antítese de sua condição? E ao Reino de Deus? Por meio da linguagem hiperbólica das bem-aventuranças, Jesus, no Evangelho segundo Lucas, pretende produzir um choque, ao inverter radicalmente o que a sociedade injusta julga como a ordem “natural” das coisas. Questionando seus fundamentos, encoraja-nos a pensar em profundidade sobre o que é crucial para o florescimento humano e, implicitamente, sobre as escolhas a fazer como resultado das nossas conclusões.

Christian Dino Batsi, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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