CONVOCADOS PARA CURAR
No Evangelho de hoje, Jesus encontra-se a caminho. Sua missão consiste em iniciar nova criação (cura). Enquanto, na primeira criação, Deus insufla nas narinas do ser humano o sopro da vida (cf. Gn 1,7), na nova criação Jesus abre os ouvidos e a boca do ser humano para que este saiba discernir a realidade e dizer palavras que a transformem.
Para que a cura se dê, Jesus afasta-se com o homem surdo-mudo para longe da multidão. A ação de Jesus não precisa de publicidade nem de falatório barulhento. Ele age discretamente. Sua Palavra precisa de silêncio para ser acolhida, curar e estabelecer comunicação.
O Evangelho ressalta dois gestos de Jesus: ele toca os ouvidos e a língua do surdo-mudo. O primeiro passo para a cura dá-se com a comunicação por meio do contato. Em seguida, Jesus olha para o alto, invocando o Pai, e determina: “Efatá!” – “abre-te!” Surge, assim, uma situação nova para o surdo-mudo: “Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar” (v. 35).
O ensinamento que nos vem dessa passagem do Evangelho é que Deus se comunica com a humanidade em Jesus, a Palavra feita carne. “Jesus é o grande ‘construtor de pontes’, que constrói em si mesmo a grande ponte da comunhão plena com o Pai”, lembra-nos o papa Francisco. Esse Evangelho questiona-nos: quantas vezes somos ilhas inacessíveis e insensíveis, fechados em nós mesmos? Na origem de nossa vida cristã está o batismo, que nos marcou com a palavra “efatá!” – “abre-te!” A partir daí, abriram-se nossos ouvidos, para estarmos atentos aos clamores dos necessitados, e soltou-se nossa língua, para comunicarmos os valores do Reino de Deus.
Com o batismo, passamos a fazer parte da família de Deus. Nossa missão é propagar a mensagem do Evangelho de Jesus: defender a vida, a começar nos lugares onde ela está mais ameaçada. Em clima de sinodalidade eclesial, somos convocados a contribuir para a nova criação, opondo-nos à lógica da competição excludente e da indiferença aos “surdos-mudos” que carecem de vida e de respeito à sua dignidade.
Pe. Darci Luiz Marin, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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