O ETERNO SE FEZ HUMANO
O mistério da encarnação sempre foi central para o cristianismo, e, sobretudo nos primeiros séculos, muitos Padres da Igreja e teólogos se empenharam em aprofundar essa doutrina. Houve muita resistência quanto à verdadeira humanidade de Jesus. Surgiram diversas tentativas de explicar a vinda do Filho de Deus, negando que ele tivesse assumido a natureza humana com tudo que lhe é característico. A Tradição da Igreja, porém, nunca se deixou confundir: Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
O que temos aqui não é apenas uma declaração dogmática, mas o cerne de nossa experiência cristã. Deus Pai e Criador, que sempre conduziu a história com amor e misericórdia, decidiu livremente entrar nela, para santificá-la a partir de dentro. Depois de falar por séculos mediante a voz de seus profetas, envia seu próprio Filho como Palavra definitiva, dirigida aos seres humanos de todos os tempos e lugares.
Por meio do “sim” fiel e generoso de Maria, Deus entrou na história, assumiu um corpo e elevou a natureza humana a um grau jamais imaginado: à sua direita no céu. Ao mesmo tempo que o Eterno assume um corpo humano, nossa natureza é divinizada. A partir do “faça-se” de Maria, o humano e o divino se tornaram inseparáveis.
As celebrações do Natal nos levam, portanto, a refletir sobre a grande dignidade que recebemos como dom a partir da encarnação de Jesus Cristo: a filiação divina. Em Jesus, de fato, todos nos tornamos filhos e filhas de Deus. Como nos recorda o autor bíblico, esse é o maior presente de amor que Deus nos dá. Diante de tão grande presente, somos todos convidados a ser gratos. Mas como? Vivendo como verdadeiros filhos, deixando-nos iluminar e inspirar pelas palavras e gestos do Filho.
Nesta celebração, somos colocados diante da figura de Maria. Na sua vida simples e escondida, numa vilazinha então desconhecida, ela sente-se vocacionada a colaborar diretamente com o plano salvífico de Deus e põe-se à sua inteira disposição. A verdadeira grandeza de Maria é deixar Deus agir. Ela não se pergunta como ou o que fará, mas simplesmente permite que “faça-se”, assim como Deus anunciara por meio do seu mensageiro.
Busquemos viver como verdadeiros filhos e filhas de Deus e aprendamos, no tempo tão bonito do Natal, que está às portas, a não colocar obstáculos à obra que Deus busca realizar em nossa vida!
Manoel Gomes Filho, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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