17 de setembro – 24º DO TEMPO COMUM | Paulus Editora

O Domingo
17 de setembro – 24º DO TEMPO COMUM

UMA COMUNIDADE RECONCILIADA

Pedro esperava de Jesus um limite para o perdão. Na perspectiva do Mestre, no entanto, perdoar é ilimitado.

A comunidade de Mateus (70 d.C.) vivia envolta em intrigas e tensões entre pagãos e judeus convertidos. Além disso, a violência do Império Romano e das lideranças religiosas tornava a vida pesada. Portanto, no entender de Pedro, o porta-voz da comunidade, deveria haver um ponto máximo de tolerância com os erros do próximo. Jesus, por sua vez, ensina que somente uma comunidade reconciliada é capaz de acolher, viver e promover os valores do Reino.

Os valores do Reino não se coadunam com a mentalidade que incute o ódio. Perdoar não é concordar com a injustiça do império e da elite religiosa; ao contrário, é combatê-la – não com armas, mas com a união da comunidade. Se, naquele tempo, havia a necessidade do esforço para não se deixar anestesiar pelo discurso do ódio, hoje também somos desafiados a não participar do coral dos que destilam o veneno da maldade.

Uma comunidade reconciliada não se paralisa, mas se contrapõe ao ódio, ao desprezo ao corpo dos pobres, tão evidenciado no número exorbitante de irmãos e irmãs sobrevivendo na rua. A pobreza social é também fruto do coração endurecido de muitos gestores públicos e da sociedade. Não bastasse a violência de não ter um lar, o que comer e beber, os irmãos e irmãs de rua, não raras vezes, são expulsos dos lugares que ainda lhes restam na cidade à força bruta, com jatos d’água e, o que é pior, sob muitos olhares de desprezo e indiferença.

Uma comunidade reconciliada não se conforma ao ódio que dizima o corpo das mulheres. Os dados indicam que, em nosso país, uma mulher é vítima de feminicídio a cada sete horas. Isso significa dizer que ao menos três mulheres morrem por dia, no Brasil, por serem mulheres. A dor das famílias que padecem na carne esse tipo de crime é ferida aberta.

Só uma comunidade verdadeiramente reconciliada é capaz de experimentar o céu nas contradições da história e unir-se para implantar a justiça do Reino no cotidiano da vida.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

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