A existência do mal: Mito ou realidade? | Paulus Editora

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Igreja e Sociedade

28/04/2023

A existência do mal: Mito ou realidade?

Por Cleane Santos

“Curai dos doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios” (Mt, 8).

Jesus Cristo, o Filho do Deus Altíssimo, em sua condição humana realizou grandes obras em favor da humanidade, anunciou aos povos a Boa Nova do Reino, deu vista aos cegos, curou os paralíticos, libertou os oprimidos e cativos, conviveu com os excluídos e marginalizados da sociedade, chorou com os que amava, falou em parábolas e, em nome de Deus, a fim de ensinar os caminhos da verdadeira salvação aos homens. Também expulsou os demônios e, sobretudo, com gestos, palavras e ações, Ele exortava para que os discípulos fizessem o mesmo. Após a sua morte de cruz, Ele ressuscitou gloriosamente da mansão dos mortos e novamente venceu o príncipe das trevas.

Antes, porém, para que os planos de Deus se cumprissem na terra, o demônio tentou Jesus no deserto por 40 dias e 40 noites, oferecendo-lhe todas as riquezas do mundo em troca de adoração, domínio e poder sobre o próprio Deus encarnado em Cristo Jesus. A derrota foi certa, Jesus renunciou a Satanás e a todas as suas tentações mundanas e vazias que buscam até hoje, em inúmeras situações cotidianas, perder e separar definitivamente as almas de Deus.

No recente lançamento da PAULUS Editora, o livro “Padre Gabriele Amorth: A biografia oficial”, o autor e jornalista Domenico Agasso lembra que embora o tentador tenha sido derrotado por Jesus desde o deserto, ele certamente ainda não desistiu, continua através dos séculos a seduzir cada pessoa que nasce na terra. Isto é, o demônio persiste no combate contra Deus, atacando constantemente a sua obra mais amada de diversas formas.

Mas de fato, até que ponto as pessoas acreditam na existência do demônio e suas ações malignas? Atualmente, o que é considerado bom e mau? O ser humano recebeu de Deus o livre-arbítrio, logo, haveria a possibilidade de escolha ou tudo torna-se relativo no mundo moderno? Em quem as pessoas depositam – de forma consciente e inconsciente – a sua confiança? Quais seriam os ídolos que são adorados, antes do Deus Vivo e o que estaria por trás desses “cultos” declarados aos ídolos modernos que se instalam em nossas casas através da música, influências sociais, símbolos ocultos, ganância pelo dinheiro, palavras proferidas, entre outros, considerados simplesmente “normais aos olhos humanos”?

“Fingir que nada acontece não nos salvará de sua ação violenta, persistente e penetrante. Portanto, levar o Evangelho a sério, crer em Jesus Cristo, que morreu e desceu aos infernos, e no fim, ressuscitou significa tomar consciência de que o mal tem nome, um rosto, os do Demônio”, afirma Agasso.

Na obra que conta a verdadeira história do exorcista do Papa, Domenico Agasso recorda que a missão do demônio é fazer com que o homem moderno deixe de acreditar em sua existência, reduzindo sua própria figura ao passado, as questões antipáticas, anacrônicas, fora de moda, feito um mito enigmático. “Bastaria olhos para ver: não é talvez demoníaco que metade do mundo esteja em guerra, que existam prisioneiros, refugiados, famintos e sedentos perseguidos e torturados, violências indescritíveis contra crianças, contra mulheres, contra idosos? Não é talvez demoníaco que se matem os pequeninos no útero materno e os doentes sem esperança?  O ódio que divide as famílias, o racismo que envenena as almas e ideologias que armam indivíduos e nações?” reflete ao autor.

Felizmente Deus permite que homens e mulheres nasçam na terra com uma missão determinada de enfrentar a Satanás frente a frente, como ensinou Jesus Cristo, sem medo, sem fraquejar, pois a existência do mal é real, conforme ensinam as Sagradas Escrituras, mas Deus é supremo entre todas as criaturas. Exemplo claro foi o testemunho de vida do padre paulino Gabriele Amorth (1925 -2016), que exerceu o sacerdócio com maestria. Padre Amorth ficou conhecido mundialmente como o exorcista oficial de Roma. Foram 69 anos de vida paulina, sendo 62 de sacerdócio e 30 na função de exorcista, vindo a falecer em Roma, no dia 16 de setembro de 2016.

Padre Gabriele teve a motivação dos três últimos papas – São João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Em seu legado, encontram-se além do exercício da prática exorcista, os ensinamentos deste ofício a outros sacerdotes e importantes escritos sobre o tema. A partir do dia 11 de junho de 1986, a pedido do Cardeal de Roma Ugo Poletti, padre Gabriele assume o trabalho da prática exorcista. No início, mesmo sem compreender a nova missão a ele confiada e sob a orientação do padre exorcista Cândido Amantini, Amorth pede direção a Deus e a proteção do manto Sagrado da Virgem Maria, que permaneceu ao seu lado nos 30 anos de ofício. “Estou apegado a Nossa Senhora, sou agarrado ao seu manto”, afirmava Padre Gabriele.

Tais relatos nos levam a questionar-nos internamente sobre a real existência e influência do mal sobre a terra e, em inúmeros acontecimentos, cuja raiz é o próprio demônio. Conforme as orientações das Escrituras e dos sucessores do apóstolo Pedro na condução da Igreja de Cristo: “Quem quiser ficar dentro do recinto da Igreja Católica deve tomar nota dessa realidade e aceitá-la, sabendo que Satanás age no homem e no mundo. É o inimigo número um, é o tentador por excelência”, afirmou o Papa Paulo VI.

“O demônio não é um mito, uma representação um símbolo, uma figura ou uma ideia. Não, é um ser presente e poderoso.” Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate. Também nas palavras de São João Paulo II: “Quem na Igreja não acredita no demônio não acredita sequer no Evangelho”, afirma.

Entre tantos sinais, as pessoas devem estar atentas e vigiantes, cabe a cada um discernir se o mal é real ou apenas um mito. “A permissão divina do mal físico e do mal moral é um mistério, que Deus esclarece por seu Filho Jesus Cristo, morto e ressuscitado para vencer o mal. A fé dá-nos a certeza de que Deus não permitiria o mal, se do próprio mal não fizesse sair o bem, por caminhos que só na vida eterna conheceremos plenamente”. Catecismo da Igreja (314).

Em suma, a obra “Padre Gabriele Amorth: A biografia oficial”, escrita por Domenico Agasso e lançada pela PAULUS, abre caminhos para entender sobre o tema do exorcismo sem “tabus” e de forma diferente das versões cinematográficas, além de narrações reais das experiências vividas pelo padre italiano, bem como os dados biográficos daquele que foi eleito o exorcista do Papa. Além disso, também outras considerações, regras e orientações direcionadas ao clero da Igreja sobre o exorcismo encontram-se na obra da PAULUS “Ritual de exorcismos e outras súplicas”.

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