CAMINHAR SOB A LUZ DE CRISTO
Estamos, no caminho quaresmal, aproximando-nos da celebração do evento central de nossa fé: o mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Nesse caminho, a liturgia nos apresenta uma cena de cura que nos leva a refletir sobre a missão de Jesus e também sobre o discipulado daqueles que se propõem segui-lo.
Diversos elementos chamam nossa atenção quando lemos o texto do Evangelho. Após autodeclarar-se “luz do mundo”, encontrando-se com um cego de nascença, Jesus, por iniciativa pessoal, vai a seu encontro e faz que ele veja. O cego não pediu nada, mas Jesus age para que a obra de Deus se manifeste. O tema da luz e da cegueira é uma constante ao longo da narrativa e representa seu sentido mais profundo.
Nas diversas respostas oferecidas pelo homem que passou a enxergar, percebemos uma evolução na sua compreensão acerca da pessoa de Jesus e na maneira pela qual o apresenta àqueles que exigem saber como foi operada sua cura. Se, no início, ele fala de um “homem chamado Jesus”, no final faz a profissão de fé de caráter litúrgico: “Senhor, eu creio”. O evangelista acrescenta um detalhe muito importante, dizendo que aquele homem adorou Jesus. Deixou, portanto, de ver em Jesus somente um homem para adorá-lo como Deus.
É importante, pois, perguntarmo-nos: Em que etapa do caminho do discipulado nos encontramos? Qual é nossa relação com a pessoa de Jesus? Como o compreendemos? Como falamos dele àqueles que nos interpelam?
É preciso caminhar, é necessário dar passos, se quisermos ser verdadeiros discípulos de Cristo. A fé é caminho, não estagnação. Se quisermos seguir Jesus, precisamos estar dispostos a continuamente desaprender e reaprender. A realidade que nos envolve também nos questiona e exige de nós novos posicionamentos. E nessas mudanças que a vida nos impõe, também a imagem de Jesus que temos passa por significativas transformações.
Jesus é a luz do mundo, e nós precisamos ser iluminados por ele se quisermos ser coerentes e fecundos. O mundo exigirá de nós nosso testemunho, e cabe-nos estar prontos para mostrar-lhe, de forma alegre e plena de sentido, aquilo que nos sustenta e nos ilumina: a fé em Jesus – bem sabendo que a meta é passar da fé em Jesus à fé de Jesus, vinculada à justiça do Reino. Toda a nossa existência encontra sentido quando somos capazes de professar: “Senhor, eu creio! Senhor, nós cremos!”
Peçamos ao Senhor que nos conduza, neste término do caminho quaresmal, para que nos aproximemos da grande solenidade da Páscoa com o coração e a mente iluminados pela luz que resplandecerá na solene Vigília Pascal: o Cristo ressuscitado. Caminhemos por Cristo e com Cristo, dispostos a testemunhá-lo diante do mundo e abertos às novidades que constantemente nos provocam!
Manoel Gomes, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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