JESUS, O MODELO PARA NOSSO DISCIPULADO
Basta olharmos ao redor para perceber muita gente ansiosa por uma vida marcada pelo poder, pelo triunfo, pela atitude de competição. Sabemos que tal estilo de vida pode nos levar a nos fecharmos em nós mesmos, a pensar só em nossos interesses e nos esquecermos daqueles que vivem à margem da sociedade, não têm voz nem vez e normalmente são objeto de desrespeito e desprezo: aqueles tipos de pessoas a que se referem as bem-aventuranças. O texto do Evangelho deste domingo nos mostra como Deus não compactua com os orgulhosos e prepotentes, que pretendem dominar e moldar a história segundo sua lógica.
Com efeito, Deus não está onde se cultiva a violência e a lei da força nem apoia as práticas dos dominadores do mundo. Assim, a liturgia chama-nos a redescobrir e assimilar a lógica da sabedoria divina, a qual, não fazendo acepção de pessoas, se serve da fraqueza e da fragilidade humanas para levar adiante seu projeto de salvação e libertação. Além disso, as bem-aventuranças retratam o verdadeiro rosto de Deus, que se solidariza com os pobres, com os humilhados, com os ofendidos, com os explorados de todos os tempos e a todos oferece, sem distinção, a salvação, pois, como diz o texto, “o Reino é deles” – isto é, a presença ativa de Deus está ao seu lado. Por isso, são chamados à alegria.
De fato, a felicidade consiste, antes de tudo, em ser portadores da alegria de Jesus. Ele, que por excelência foi manso, humilde, pobre, pacífico…, dirige-se tanto aos ouvintes e discípulos daquele tempo quanto a nós hoje. Somos, pois, convidados a olhar para Cristo, o modelo de nossa jornada de discipulado, e imitá-lo em seu modo de ser e de agir em favor do “Reino dos Céus” – expressão que enquadra as bem-aventuranças e remete ao sonho da Terra Prometida, à construção de uma sociedade fundada na justiça, terra onde corra “leite e mel” para todos (Js 5,6b). Nesse sentido, nossa tarefa consiste em romper com qualquer sistema de sociedade que não corresponda ao projeto divino. Cabe, portanto, ressaltar que não se trata tanto de esperar uma felicidade futura, mas, sobretudo, de criar condições para seu advento presente.
Para nós, que queremos viver na perspectiva da vida de Jesus, essa felicidade nunca será da ordem da satisfação de desejos mundanos e egoístas, fruto apenas do próprio esforço pessoal, e sim da ordem da plena confiança em Deus.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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