A QUEM SERVIR?
A parábola de hoje nos lembra uma realidade muito atual e próxima. À primeira vista, ela desconcerta qualquer cristão responsável. Estaria Jesus elogiando a desonestidade, a corrupção e a trapaça? É a dúvida que nos causa desconforto e incômodo.
Jesus conta uma parábola que elogia a criatividade de alguém que pensa no seu sustento futuro, após ficar desempregado. No tempo de Jesus, e também hoje, os ricos proprietários de terra tinham capatazes, os quais eram autorizados a administrar os bens do patrão. Esses administradores nem sempre eram honestos e sinceros. Quando se viam em risco, tiravam proveito de sua posição para assegurar um futuro para si, usando o “jeitinho criativo” e a esperteza.
Ao elencar os três principais meios de ganhar dinheiro – trabalhar, mendigar ou agir com esperteza mundana –, o administrador referido por Jesus descarta as duas primeiras alternativas e parte para a terceira.
O dinheiro é necessário para sobreviver, principalmente a quem reside nos centros urbanos. O problema está em como obtê-lo. A parábola ajuda a desvelar a responsabilidade de quem possui riquezas, lembrando que somos apenas administradores e não temos direito absoluto sobre os bens. Isso se aplica sobretudo às autoridades que administram o bem comum.
O cristão não pode aderir à lógica do mundo, baseada em lucro, acúmulo e exploração. A lógica do Reino é outra: usar o dinheiro para criar amizade. À astúcia mundana somos chamados a responder com astúcia cristã. Cabe-nos fazer uma escolha: obedecer à lógica do mundo, servindo o dinheiro, ou aderir à lógica do Reino, partilhando os bens.
A chave de leitura desse Evangelho encontra-se no final: não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Essas palavras de Jesus não podem ser esquecidas nem deixadas de lado por quem se considera seu seguidor. O “deus dinheiro”, a riqueza absolutizada, é o grande inimigo do projeto de Jesus e o maior obstáculo para o florescer de uma sociedade justa, solidária e fraterna.
Pe. Nilo Luza, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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