No Evangelho de hoje, Jesus purifica o templo, retirando dele a enorme quantidade de animais vendidos para os sacrifícios e também os cambistas, que trocavam moedas das multidões vindas de diversos lugares para celebrar a Páscoa em Jerusalém. O templo havia se tornado lugar de exploração das pessoas, instrumento dos interesses econômicos dos grupos dominantes.
Recentemente, o papa Francisco advertiu que “o dinheiro pode se tornar estrume do diabo”, pois, quando se torna um ídolo, “ele comanda as escolhas das pessoas”. A verdadeira idolatria é esta: adotar coisas como absolutos que nos distanciam do verdadeiro absoluto – Deus – e deixar-nos comandar por essas coisas. No presente, há quem diga que a veneração dos santos é idolatria. Mas isso não é verdade, pois os santos nos conduzem a Deus pelo bom testemunho que deram de fé e de fidelidade a Cristo e ao Evangelho. Já os ídolos são aquilo que nos distancia de Deus e é colocado no lugar de Deus.
A idolatria do dinheiro, muito forte em nossos dias, atinge também muitos segmentos religiosos, que transformam os interesses egoístas e econômicos em preocupações centrais, pondo-os no lugar de Deus. Cabe-nos ficar alertas para evitar esse tipo de prática religiosa. Há grupos que levam isso às últimas consequências, propagando uma religião fundamentada na “teologia da prosperidade”, centrada em valores econômicos e no sucesso, o que a transforma literalmente em comércio. Esse tipo de religião ajuda a produzir e manter uma sociedade injusta, como a atual; uma sociedade do individualismo, em que o interesse próprio é o único credo e em que os valores econômicos tendem a se tornar os únicos, ficando os demais valores da vida descuidados e esquecidos.
Assim como Jesus purificou o templo de Jerusalém, purifiquemos nossa vida e nossas práticas religiosas de pensamentos ou interesses que nos distanciem de Deus, que nos levem a colocar coisas ou pessoas no lugar dele. Que nossa prática religiosa nos ajude a estimar e buscar os autênticos valores da vida e a não nos deixarmos seduzir por coisas que, dando a aparência de nos alcançar liberdade, podem dominar nossas escolhas e nos escravizar.
Pe. Jakson de Alencar, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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