O RESSUSCITADO CONTINUA PRESENTE NA COMUNIDADE
A liturgia deste domingo acentua as aparições do Ressuscitado e o envio dos discípulos em missão. No entanto, ao lado das sucessivas aparições, estão também obstáculos que podem desacreditar o evento da ressurreição. Jesus continua presente na comunidade, fortalecendo-a e encorajando-a a compreender, com os olhos da fé, os acontecimentos da sua paixão e morte e a levar a todos a mensagem de vida nova do seu evangelho. Os discípulos, porém, ainda se encontram apegados aos aspectos trágicos daquilo que presenciaram e não se mostram capazes de perceber a presença do Ressuscitado entre eles.
Da mesma forma que foi enviado pelo Pai, Cristo também envia os discípulos. Não só para pregarem o evangelho, mas também para praticarem o que vão anunciar. Embora tenham a missão de dar testemunho de tudo aquilo que aprenderam com as palavras e ações de Jesus, eles ainda vivem em “tempos de escuridão”. A noite perdurava na vida dos discípulos – isto é, a aurora de um novo olhar ainda não havia despontado. Por esse motivo, o evangelista diz que eles estavam reunidos com as portas fechadas no anoitecer do domingo, dia da ressurreição do Senhor. As portas fechadas indicam aspectos negativos da realidade comunitária, como o medo, a insegurança, o coração fechado à alegria e à fé.
Jesus, vendo essa realidade em que os discípulos estavam imersos, apresenta-se no meio deles e transmite-lhes, com seu Espírito, os dons pascais, resumidos na paz: “A paz esteja convosco”. Trata-se de saudação messiânica que traz consigo os sinais da vitória da vida sobre a morte. A paz é instrumento primordial para que a missão aconteça e, além disso, Jesus deseja que os discípulos sejam portadores da paz e do perdão. Sua saudação também traz consigo as marcas dos pregos, para confirmar que ele é o Ressuscitado que passou pelo mundo e se doou até o fim por amor à humanidade. Testemunhar sua ressurreição é, portanto, antes de tudo, reconhecê-lo presente na comunidade e dar-lhe adesão de fé por uma prática de vida semelhante à dele.
O apelo que fica para nós, nesta liturgia, é acreditar sempre, pois quem acredita na ressurreição do Senhor é perseverante em ouvir a sua Palavra, os seus ensinamentos, e se dispõe a viver uma vida de comunhão e de partilha. Esses são os sinais visíveis do Ressuscitado, que imprime na comunidade seu dinamismo, vitalidade e alegria.
Pe. Roni Hernandes, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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