PASTOR COMPASSIVO
O evangelho hoje proclamado antecede o episódio da primeira distribuição dos pães em Marcos. Os apóstolos haviam voltado da missão, e Jesus os convida a se retirarem a um lugar deserto. Uma pausa para descansar e refletir sobre o trabalho missionário junto ao povo. A fé dos que seguem Jesus é alimentada dando espaço e tempo ao Mestre, para que sintamos sua presença e ele fale conosco.
Mas a multidão não dá descanso a Jesus. Estão como ovelhas sem pastor que as conduza por campos verdejantes de vida. Sem lideranças autênticas, esperam que Jesus faça algo. E ele se revela, de fato, como o verdadeiro Pastor. Longe de se incomodar, sente compaixão, pois bem sabe dos sofrimentos de sua gente: um povo desorientado e faminto, com lideranças que pensavam mais em si mesmas do que no bem comum.
Ter compaixão significa pôr-se no lugar do outro e, de algum modo, sofrer com ele. A compaixão faz de Jesus o Pastor autêntico, que organiza, alimenta e conduz o povo. Estar com Jesus, portanto, é estar com a gente sofrida com a qual ele se solidariza. E seguir o Mestre é permitir que sua liderança e pastoreio sejam realidade hoje, por meio de nossas ações.
E já que todos temos responsabilidade em relação a isso, é bom lembrar a profética chamada de atenção de Zacarias: “Os que compram as ovelhas e as matam não são castigados, e os que as vendem ainda dizem: ‘Bendito seja Deus, porque fiquei rico’… E seus próprios pastores não têm compaixão delas… Ai do pastor insensato, que abandona as ovelhas!” (Zc 11,5.17).
O povo é de Deus e é sagrado. Explorá-lo é desrespeitar o próprio Deus. O aprendizado da compaixão nos traga a esperança de tempos novos. Tempos de maior discernimento e consciência política, para a escolha de lideranças autênticas. A grandeza dos líderes está em sua capacidade de sofrer com quem sofre e de usar o poder como serviço. Serviço que transforma o sofrimento do povo em esperança e alegria. O resto é pura demagogia de político.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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