16 de abril: Domingo de Páscoa | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
16 de abril: Domingo de Páscoa

MADRUGAR PELO SENHOR

Era bem cedo. Maria Madalena vai ao túmulo de Jesus. Solitária, carrega no peito o peso da ausência. Tem em si o sentimento dolorido da perda. A dor é tanta, que o peito quer explodir. Seu mestre foi morto. Morte de cruz, a mais humilhante. Ir ao sepulcro é uma forma de presença. Mas os sinais são de ausência. O sepulcro está vazio.

Maria Madalena esteve diante da cruz. Ainda está entre a cruz e o sepulcro. Se procura o cadáver de Jesus, não o encontra. Torna-se a primeira comunicadora do sepulcro vazio. Correr ao encontro de Pedro e do outro discípulo significa ir ao encontro da comunidade para comunicar a notícia. A comunidade age rápido. Vai até o sepulcro.

A corrida ofegante até o sepulcro expressa o sentido do amor. Mesmo com o coração dilacerado, quem ama corre ao encontro do amado. Nada nem ninguém são capazes de domar o amor verdadeiro. O outro discípulo corre mais porque é movido por esse amor. Daí chega primeiro. Chegar primeiro quer dizer que o amor move o coração de quem ama. Não se trata de corrida de competição.

Pedro é o chefe. Embora chegue depois, é ele quem primeiro entra no sepulcro. Inclina-se, observa os lençóis no chão e o sudário. O outro discípulo entra depois, vê o mesmo que Pedro. Mas o escritor sagrado
acrescenta: “viu e creu”. Foi ele quem esteve com o mestre ao pé da cruz. Foi ele também quem esteve ao lado de Jesus na ceia de despedida. Os sinais agora apontam para outra realidade. Seu coração sente o profundo da vida.

O sepulcro vazio, os panos e o sudário, porém, são sinais. Não são provas da ressurreição. A realidade ainda está permeada pela atmosfera de morte. A comunidade precisará meditar, interpretar, traduzir, experimentar o que disse Jesus. É preciso um passo a mais do que apenas a visão. O colírio da fé faz ver o profundo. O discípulo amado tem a vantagem de ter se adiantado neste caminho.

A experiência do sepulcro vazio no primeiro dia da semana remete a comunidade cristã ao Gênesis. Em Jesus, Deus começa uma nova criação. Agora, o primeiro dia da semana é o Dia do Senhor. Jesus é o Senhor que vence a morte e nos devolve a vida em plenitude que o pecado nos roubara.

Os panos, a pedra removida, o sudário deixados para trás são sinais de que a morte foi derrotada. A comunidade tem boas notícias e o melhor mo­­tivo para se levantar. Mesmo que ainda haja penumbra, é preciso – a exemplo de Maria Madalena – madrugar pelo Senhor. Ele vive. Feliz Páscoa!

 

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp

 


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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