A FONTE DE ÁGUA VIVA
Jesus, cansado da viagem, senta-se à beira do poço. Ao chegar uma mulher para buscar água, o Senhor pede que ela lhe dê de beber. A simbologia da água é bastante destacada na liturgia deste dia. Isso porque a Quaresma do ano A é batismal, o que se percebe de forma mais intensa nas leituras de hoje e nas do 4º e 5º domingos. Nestes dois últimos, as leituras enfatizam, respectivamente, os temas da luz e unção e o da ressurreição.
A luz e a unção fazem parte dos ritos pós-batismais, ao passo que a ressurreição é o centro do próprio batismo, pois, por meio deste, morremos para o pecado e nascemos para o Cristo. É nesse contexto batismal que se insere o relato do evangelho que narra o diálogo de Jesus com a samaritana, o qual gira em torno da água, do conflito entre judeus e samaritanos, dos maridos da mulher, da adoração a Deus e da verdadeira fonte de água viva.
A conversa é marcada por várias perguntas. A primeira delas é feita pela samaritana, que estranha o fato de Jesus, sendo judeu, pedir-lhe água. Com efeito, judeus e samaritanos não se davam bem. Esse conflito vinha desde séculos passados, quando os samaritanos adotaram as divindades introduzidas pelos povos estrangeiros que invadiram o Reino do Norte.
A questão dos maridos da mulher (vv. 16-18, evangelho mais longo) dá continuidade ao diálogo, entrando agora pela porta da família da samaritana: seus cinco maridos. Segundo os estudiosos, os cinco maridos provavelmente se referem às divindades adotadas pelos samaritanos.
Onde é o lugar de adorar a Deus? Os judeus adoravam no templo de Jerusalém, os samaritanos, no templo de Garizim. Jesus esclarece que a adoração agradável a Deus não se limita a templos e lugares predeterminados, mas nasce do interior do ser humano ao longo da vida, independentemente de tempo e lugar. “Os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e verdade” (Jo 4,23).
Jesus é a verdadeira fonte de água viva. A conversa ingressa no tema do messianismo, quando o Mestre se apresenta como o “verdadeiro Messias”, fonte donde jorra água viva e para a vida. Ele se revela justamente a uma mulher excluída e marginalizada.
A mulher larga o balde e vai anunciar aos seus conterrâneos que encontrou Cristo. Ela já não tem necessidade da água do poço de Jacó (no contexto, a lei mosaica), pois descobriu a verdadeira fonte que sacia a sede profunda do ser humano – Jesus Nazareno –, e assim se torna a primeira missionária dos samaritanos.
Pe. Nilo Luza e Iorlando Rodrigues Fernandes, paulinos
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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