12 de março: 2º Domingo da Quaresma | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
12 de março: 2º Domingo da Quaresma

ESCUTAR JESUS

Deus nos deu dois ouvidos e uma boca. Um dos ensinamentos dessa dádiva é que deveríamos escutar mais e falar menos. Ocorre que nem sempre procedemos assim. Geralmente entramos na onda do barulho e corremos o risco de deixar passar despercebidos pessoas, coisas e o sentido da vida.

A audição, mais do que a visão, é um sentido privilegiado, é o primeiro a se manifestar em nós, ainda no ventre de nossa mãe. O ouvido, com efeito, capta as paisagens sonoras, o espaço ao redor, o que vem de trás e o que está na frente.

A Bíblia está permeada de apelos à audição. Moisés, por exemplo, antes da prescrição da Lei, conclama o povo: “Ouça, Israel, os estatutos e normas que eu hoje proclamo aos seus ouvidos. Vocês vão ensiná-los, guardá-los e praticá-los” (Dt 5,1). Os profetas todos também apelam aos seus interlocutores por meio da exortação clássica: “Ouçam a palavra do Senhor”.

Se quisermos um exemplo mais próximo, o mesmo ocorre na família. Quando os pais precisam aconselhar, dizem: “Filho(a), me escute”. Só obedece quem antes ouve. E não vale fazer de conta que ouve. Porque, se assim for, a palavra entra por um ouvido e sai por outro. A palavra necessita penetrar o ouvido e pousar no coração. Este é o terreno fértil.

Jesus não mediu esforços para iniciar e exercitar seus discípulos e discípulas na arte de escutar. Apesar da correria da missão, jamais dispensou o tempo de retiros e da oração cotidiana.

A cena da transfiguração (Mt 17,1-9), com toda a densidade simbólica e as imagens que a envolvem, contém um ensinamento fundamental: “Uma nuvem luminosa o cobriu com sua sombra. E da nuvem uma voz dizia: ‘Este é o meu Filho amado, em quem encontro o meu agrado. Escutai-o’”. O interessante foi que a voz ressoou enquanto o apóstolo Pedro falava. Em vez de escutar e sentir o mistério, Pedro parecia estar olhando para outra direção e sendo capturado pelas imagens. Não abriu os ouvidos: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (Mt 17,4).

É necessário adentrar a profundidade do mistério. As exterioridades exageradas podem ofuscar o essencial e desviar a atenção para o supérfluo. Jesus não quer apenas adeptos. Ele quer seguidores. E quem o segue conhece e ouve a sua palavra.

A Quaresma é tempo favorável para escutar o que Jesus deseja nos comunicar. O Senhor se transfigura no monte sagrado do nosso coração. Deixemos que sua palavra produza frutos em nós.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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