Obra de João Décio Passos reflete sobre o Concílio Vaticano II | Paulus Editora

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14/05/2014

Obra de João Décio Passos reflete sobre o Concílio Vaticano II

Por Imprensa

Ficha Técnica

Título: Concílio Vaticano II – Reflexões sobre um carisma em curso
Autor: João Décio Passos
Coleção: Comunidade e missão
Acabamento: Brochura
Páginas: 304
Formato: 13.5 cm x 21 cm

Em novo livro da coleção Comunidade e missão, editada pela PAULUS Editora, João Décio Passos faz reflexões sobre o Concílio Vaticano II, um carisma em curso. A série de conferências realizadas entre os anos de 1962 e 1965, abriu uma nova era para a Igreja católica e trouxe momento de elaboração, consenso e definição que acolheu décadas de reflexão e práticas que haviam insistido no diálogo com o mundo moderno, e sofrido restrições e condenações da própria Igreja.

O autor de Concílio Vaticano II – Reflexões sobre um carisma em curso é graduado em Filosofia e Teologia e conta que muitas vezes não escolhemos de forma totalmente voluntária os nossos objetos de estudo. Os objetos é que acabam nos escolhendo. Com o Vaticano II foi assim. Confira a entrevista:

PAULUS: Como surgiu a ideia de escrever a obra, e quanto tempo durou a pesquisa?
João Décio Passos: Muitas vezes não escolhemos de forma totalmente voluntária os nossos objetos de estudo. Os objetos é que acabam nos escolhendo. Vários temas entraram em minha vida de modo lateral, pela força do momento histórico, por uma demanda institucional ou profissional e com o Vaticano II foi assim. Fui me envolvendo com o tema por conta de convites para falar do assunto em encontros de leigos e em comunidades. Participo de um grupo de reflexão em uma Comissão na CNBB e por lá a questão começou a aparecer no contexto dos 50 anos do Concílio. Outro nascedouro do livro é um projeto em andamento pela PAULUS Editora: a organização de um Dicionário sobre o Vaticano II e uma coleção de pequenos estudos também sobre o Concilio. O livro é o resultado de um processo mais longo do acúmulo de reflexão.

PAULUS: O Concílio Vaticano II abriu nova era para a Igreja católica?
João Décio Passos: O Papa João XXIII concebeu, lançou e conduziu, de modo presencial , enquanto viveu, e de modo carismático, depois de sua morte – o Concilio, como uma renovação da Igreja ao mundo contemporâneo. O processo conciliar seguiu esse objetivo fundante e produziu uma guinada na concepção de Igreja, de mundo e da relação da Igreja com o mundo. De fato, a eclesiologia conciliar retira a Igreja fechada em si mesma e a lança para o serviço e diálogo com o mundo; muda a concepção de Igreja definida como hierarquia para a Igreja povo de Deus, comunhão de todos os fiéis em um mesmo corpo cuja finalidade é ser sinal e instrumento da unidade entre as pessoas. O mundo passa a ser visto como o cenário de desdobramento da história da salvação onde misteriosamente Deus se faz presente, onde a Igreja se insere e busca perscrutar os sinais dos tempos e onde a Igreja busca vencer os males presentes com a força do bem, na medida em que anuncia o Reino pelo testemunho, pela palavra e pela ação.

PAULUS: A pastoralidade do Concílio Vaticano II caracteriza-se pela adaptação da Igreja ao nosso tempo. A Igreja se adaptou?
João Décio Passos: Talvez devamos distinguir renovação de adaptação. A renovação recoloca a Igreja em nova postura dentro do mundo, na medida em que repensa sua própria imagem e a imagem do mundo, superando o velho dualismo entre as duas realidades. A adaptação tende a conservar o que já está estabelecido somente ajustando-o à realidade. Certamente após o Vaticano II, a Igreja em muitos aspectos e circunstâncias inovou a si mesma, as suas atitudes e os seus discursos, em outros aspectos adaptou sua pregação e seu modo de agir. Também é verdade, que simplesmente preservou o que já vinha do passado.

PAULUS: Podemos afirmar que hoje a Igreja está em crise? Se sim, qual a influência do Concílio Vaticano II nessa situação?
João Décio Passos: Penso que sim. Há uma crise em curso, embora enfrentada com muita serenidade e firmeza pelo Papa Francisco. Esse emergiu precisamente de dentro da crise que culminou com a renuncia do Papa anterior. Havia, de fato, uma crise não somente da imagem publica da Igreja, sobretudo por causa dos escândalos de pedofilia envolvendo membros do clero, mas também crise política instaurada no centro do poder, dentro do exercício do papado. No seu aspecto político, essa crise está relacionada às forças que governavam a Igreja naquele momento; o governo da Igreja, composto por forças nitidamente conservadoras, implodiu politicamente. Nesse sentido, foi a força de conservação que entendia o Vaticano II como adaptação e não renovação, e afirmava uma Igreja autocentrada que mostrou o seu limite, senão teológico, com certeza político. De dentro da crise, surgiu a necessidade de reforma urgente da Igreja. É quando entra em cena o Papa reformador. E a plataforma de Francisco é dada pelo Vaticano II, conforme fica claro na Exortação Evangelii Gaudium.

Concílio Vaticano II – Reflexões sobre um carisma em curso está dividido em três partes que, entre outras reflexões, falam sobre os aspectos institucionais do Concílio Vaticano II, as dinâmicas do sujeito cristão no marco histórico-teológico do Vaticano II, os caminhos do diálogo como principal regra e a comunhão universal como meta.

João Décio Passos possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1987), graduação em Teologia pela Pontifícia Faculdade de teologia N.S. da Assunção (1991), mestrado em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995), mestrado em Teologia pelo Instituto São Paulo de Estudos Superiores (2009) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001). Livre Docente em Teologia pela PUC-SP. Atualmente é professor associado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor doutor do Instituto Teológico São Paulo. Tem experiência na área de Filosofia e Teologia, atuando principalmente nos seguintes temas: teologia pública, epistemologia, ensino religioso e sociologia da religião.