O autor se apresenta como “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (1Pd 1,1). Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, provavelmente, nesta época já tinha sido martirizado na década de 60 d.C. Como galileu, Pedro não era muito versado em grego, a carta é escrita num estilo elegante e culto, que dificilmente teria sido de um simples pescador da Galileia.
Os autores provavelmente foram discípulos de Paulo que atribuíram a carta a Pedro. Pois Paulo fundou diversas comunidades nesta área da Ásia Menor. Outros pensam num discípulo de Pedro que escreveu a partir de Roma, chamada Babilônia. A carta é datada por volta do final do primeiro século da era cristã, últimos anos da dominação de Domiciano, no seu tempo ser cristão era crime.
A carta apresenta os destinatários num ambiente bem determinado: Ásia Menor, atual Turquia (Ponto, Galácia, Capadócia…) em geral povo pobre, trabalhador, disperso como estrangeiro pela Galácia… Povo forasteiro que vivia fora da própria terra. Os cristãos, grande parte provindos do judaísmo, são considerados cidadãos de segunda categoria. Além disso, são humilhados por causa de um estilo de vida próprio.
A eles Pedro se dirige em solidariedade e encorajamento. Ele procura animar as comunidades que estão desanimadas na caminhada, devido aos problemas que estão enfrentando. Para ele, a comunidade é a casa para quem não tem casa. São os “sem-teto e sem-terra” que formam o povo de Deus. Os cristãos são pedras vivas dessa construção. Recomenda às comunidades a permanecerem firmes diante dos desafios. As comunidades cristãs são como que o lar que acolhe o próprio Cristo e esse povo pelegrino. Podemos esquematizar a primeira Carta de Pedro da seguinte forma:
1. Saudação inicial e ação de graças (1Pd 1,1-12): Após o autor se apresentar, saúda a comunidade com a graça e a paz. A seguir, apresenta uma oração de ação de graças pela comunidade que vive a esperança e a alegria, apesar dos desafios que estão passando, que devem ser vistos como purificadores. Ele fundamenta a experiência cristã nos profetas que apontam para Cristo.
2. Conduta cristã (1Pd 1,13-2,10): O autor apresenta algumas exortações para a vida cristã: a fé cristã requer a santidade, a caridade e a adesão a Cristo. A santidade exige seguir o caminho do amor fraterno. Apresenta a conduta das pessoas antes e depois de integradas na comunidade. Mesmo vivendo em condições de migrantes não é empecilho para viver os desígnios divinos. A palavra de Deus produz as comunidades de fé e de compromisso com o projeto de Jesus. A comunidade, fundamentada em Cristo, pedra viva, é convocada a viver a fraternidade.
3. Exemplo de vida cristã (1Pd 2,11-4,11): Os cristãos exilados devem vencer em si mesmos a atração de um mundo perverso. Oferece indicações de conduta a todos os crentes, aos servos, às esposas e aos maridos e a todo povo cristão, que vive sob a perseguição. Nessas situações, os cristãos se comportem como pessoas livres e irrepreensíveis, fortalecidos com o exemplo de Cristo que sofreu injustamente. A seguir, apresenta várias exortações, tendo a esperança como base.
4. Conflito com a sociedade (1Pd 4,12-5,11): Retoma alguns temas dos capítulos anteriores. Temos algumas exortações para fortalecer a resistência: enfrentar o sofrimento, exortação aos líderes comunitários, aos jovens para que não se deixem seduzir pelas falsas propostas. São todos convidados a se fortalecerem na fé e na esperança para resistir aos desafios e testemunhar o evangelho.
5. Saudação final e bênção (1Pd 5,12-14): Conclui apresentando o motivo da carta: exortar e encorajar os destinatários para resistir. Silvano é apresentado como secretário que escreveu a carta. O apelo final é um convite à paz e à fraternidade.