Além da coleção das cartas atribuídas a Paulo (corpo paulino) e a carta aos Hebreus, o Novo Testamento contém mais sete cartas, chamadas Cartas Católicas. São elas: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas. São designadas “cartas católicas” ou universais porque não se dirigem apenas a uma comunidade específica, mas a toda a Igreja; ou talvez porque reconhecidas universalmente como canônicas. O termo católico deriva do grego (katholikós) e significa universal, para todos. São cartas que trazem instrução geral a todos os cristãos em geral.
Algumas dessas cartas são endereçadas a pessoas específicas (2 e 3 João) e outras duas a um círculo específico de pessoas (Tiago e Pedro). Tiago é dirigida às “doze tribos da diáspora” (Tg 1,1); a primeira de Pedro aos eleitos da diáspora (1Pd 1,1). Independente disso, todas elas foram incluídas no grupo das “cartas católicas”. São cartas universalmente aceitas. Com o tempo, todas elas foram aceitas e passaram a fazer parte do Novo Testamento.
São cartas que não possuíam destinatários específicos e foram atribuídas aos apóstolos Tiago, Pedro, João e Judas. Por serem atribuídas aos apóstolos são também conhecidas como “cartas apostólicas”. Eles não são propriamente autores, são autoridades em destaque na comunidade, que atribuíra a eles a autoria. A denominação católica foi empregada pelo historiador Eusébio de Cesareia no século 4º depois de Cristo. Estas cartas foram sendo aceitas aos poucos até serem introduzidas na Sagrada Escritura. A partir do concílio de Laodiceia, passaram a ser lidas pela Igreja do oriente e do ocidente.
Provavelmente a Primeira Carta de João foi a primeira a ser incluída no título de católica. Tal designação depois foi transferida para as outras seis cartas. Estas cartas foram agrupadas pelo fato de não serem escritos paulinos. Desde os primórdios do cristianismo têm enfrentado muitos e indiferentes problemas antes de serem aceitas como livros inspirados. Hoje em dia, também parece que não despertam muito interesse.
O elemento importante que une estas cartas é o espírito que anima seus autores: diante dos problemas internos e externos das comunidades, eles procuram encorajá-las com vigor a perseverar no combate da fé e alertá-las sobre o perigo das divisões. Fazem muitas referências ao Antigo Testamento. Tudo isso revela como era a catequese primitiva impregnada do Antigo Testamento tal como era interpretado pela tradição judaica.
Um aspecto importante dessas cartas é que elas constituem um testemunho autorizado sobre o credo e sobre a prática das primeiras comunidades cristãs, assim como sobre a autoridade do apóstolo (autor) que a elas se dirige. Os autores destacam que a fé sem as obras permanece morta. Os apóstolos fazem fortes exortações para que a comunidade se mantenha vigilante, firme na fé e na verdade diante dos desafios que as comunidades estão passando.
Estas cartas revelam uma variedade de questões que sensibilizavam as primeiras comunidades espalhadas em vários locais no primeiro século depois de Cristo. Revelam também uma teologia cristã aberta ao diálogo. Foram dirigidas aos cristãos em geral, diferentes das cartas paulinas que – em geral – foram endereçadas a comunidades individuais, específicas.