66. Segunda Carta aos Tessalonicenses | Paulus Editora

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21/08/2024

66. Segunda Carta aos Tessalonicenses

Por Nilo Luza

No artigo anterior, vimos alguns aspectos da cidade de Tessalônica. É bom relembrar alguns outros elementos. Tessalônica teve esse nome em homenagem à esposa de Cassandro (general macedônio). Na época dos romanos, Tessalônica era uma das quatro divisões da Macedônia. A cidade teve grande importância principalmente pelo famoso e movimentado porto e a sua posição na Via Egnácia, que ligava Roma a Ásia. O porto e a Via Egnácia facilitavam principalmente a exportação de produtos agrícolas e artesanatos. Do ponto de vista religioso, em Tessalônica havia grande número de divindades veneradas: Ísis, Serápis, Osíris… Hoje em dia resta pouco da cidade do tempo de Paulo. Restam apenas algumas ruínas da antiga ágora no centro da cidade.

A comunidade de Tessalônica, no tempo de Paulo, era uma comunidade, em grande parte, formada por escravos, sem direitos de cidadania. Tudo leva a crer, portanto, que os membros da comunidade eram pessoas empobrecidas e sofridas, vivendo na “extrema pobreza”, como nos conta Paulo em 2Cor 8,2. Em Tessalônica, havia uma sinagoga e foi grande centro de propagação do evangelho. O primeiro trabalho do apóstolo Paulo foi se dirigir à sinagoga. Isso pode significar que haveria bom número de judeus.

Há muitas dúvidas se a Segunda Carta aos Tessalonicenses pode ser considerada paulina ou não. Muitos pensam que a Carta seria “deuteropaulina”, isto é, considerada de um autor pseudônimo. O autor usara o nome de Paulo para dar maior credibilidade. A comunidade é fruto do trabalho missionário do apóstolo Paulo e seus auxiliares, Silvano e Timóteo. A permanência dos evangelizadores em Tessalônica foi muito curta devido à perseguição dos judeus. Como aconteceu em várias outras comunidades. A preocupação não deve ser quando vai acontecer o fim do mundo, mas como devemos nos comportar na espera da manifestação do Senhor (parusia). Não se deve esperar a vinda de Jesus de braços cruzados.

Se for uma carta “deuteropaulina”, foi escrita provavelmente em Corinto, pelo ano 80 d.C. A principal razão do autor para escrever esta Carta foi a necessidade de corrigir certas ideias errôneas a respeito da parusia.  Podemos esquematizar a Carta da seguinte forma:

1. Saudação e ação de graças (2Ts 1,1-12): Após a saudação de Paulo, Silvano e Timóteo à comunidade, os evangelizadores dão graças a Deus pelo crescimento da comunidade na fé ativa, no amor comprometido e na perseverança.

2. A parusia do Senhor e seus sinais (2Ts 2,1-12): Talvez a primeira carta aos Tessalonicenses não tenha sido bem compreendida a respeito da vinda do Senhor (a parusia). O autor procura esclarecer que a vinda de Cristo será precedida por sinais claros. O ímpio terá seu fracasso diante do sopro do Senhor, a palavra do seu evangelho. Antes do fim, acontecerá a apostasia (abandono da fé). O autor contrapõe a “vinda do Senhor” e a “vinda do ímpio”, o anticristo, que simboliza a encarnação de todas as potências do mal.

3. Várias exortações (2Ts 2,13-3,15): O autor agradece a Deus pela comunidade e procura encorajar os tessalonicenses a permanecerem firmes naquilo que lhes foi ensinado. O Senhor Deus encha o coração de vocês e os fortaleça em tudo. Rezem a Deus pelos evangelizadores para serem livres dos malvados. Por fim, o autor convida a ter cuidado com aqueles que vivem à toa, perturbando a comunidade. A exemplo do próprio Paulo, todos devem trabalhar pelo próprio sustento.

4. Saudações finais (2Ts 3,16-18): A saudação final invoca o nome do Senhor, na época era importante revelar o senhorio de Jesus e não do imperador. Ele é o Senhor que concede a paz e a graça.

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